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Mercado comercial do centro em recuperação

Inês Lei

Com o relaxamento das medidas de controlo pandémico e a recuperação do turismo na cidade, a retoma do mercado imobiliário comercial tornou-se cada mais clara. Representantes do setor indicam que as rendas no centro da cidade recuperaram para valores próximo de 60 por cento dos praticados antes da pandemia. Contudo, preveem que ainda deve demorar um ano para que o mercado de arrendamento comercial recupere totalmente

No centro turístico de Macau é comum ver rendas mensais que chegam a valores acima de um milhão de dólares de Hong Kong. No entanto, nos últimos três anos a
economia local centrada no turismo de sofreu um duro golpe, especialmente em distritos extremamente turísticos como o Largo de São Domingos e a área das Ruínas de São Paulo.

Ao PLATAFORMA o presidente da Associação dos Agentes Imobiliários do Sector Imobiliário de Macau, Chris Wong Sai Fat, indica que durante a pandemia, o mercado de arrendamento comercial encolheu severamente, com vários estabelecimentos forçados a fechar ou suspender as suas operações.

Chris Wong realça que com a diminuição do número de turistas e do rendimento dos residentes, tanto o consumo externo e interno decresceu em simultâneo.

“Em 2022, em comparação com 2019, a renda na zona das Ruínas de São Paulo caiu cerca de 40 a 50 por cento, e cerca de 30 por cento na zona Taipa Velha,” diz o representante do setor.

Rendas atingem mínimos recorde

O proprietário de uma loja na Rua de São Paulo comentou ao Plataforma Macau que a sua loja está desocupada há mais de um ano. Com uma renda que chegava aos
200.000 dólares de Hong Kong em 2017, a mesma loja viu a sua renda descer para 80.000 dólares de Hong Kong durante a pandemia, e mesmo assim permaneceu desocupada.

Kou, um agente imobiliário, diz ao PLATAFORMA que durante a pandemia por mais que renda das lojas descesse o clima económico negativo e a incerteza afastavam possíveis arrendatários.

De acordo com o agente, antes da pandemia uma loja com uma renda mensal de 300.000 dólares de Hong Kong podia ser ocupada, mas em 2022 mesmo com uma renda a 30.000, ninguém estava disposto a abrir os cordões à bolsa.

A maioria das lojas que contactámos informaram que vão aumentar as rendas quando o contrato expirar


Lei Cheok Kuan, Presidente da Federação da Indústria e Comércio de Macau Centro e Sul Distritos

Na tradicional zona turística de Macau vêm-se agora por todo o lado lojas – anteriormente com algumas das rendas mais elevadas da cidade – fechadas com anúncios para arrendamento.

Segundo Wong, a taxa de desocupação das lojas em 2022 atingiu os 25 por cento em áreas como nas zonas turísticas de São Paulo, ZAPE e NAPE, com a taxa de desocupação das lojas da cidade velha da Taipa a chegar aos 16,8 por cento.

Lei Cheok Kuan, Presidente da Federação da Indústria e Comércio de Macau Centro e Sul Distritos, considera que a taxa de desocupação no centro chegou a 30 por cento em 2021-2022.

“Algumas das lojas não estão fechadas, apenas suspenderam operações para recuperar forças”.

Recuperação do mercado

Com o relaxamento das medidas de prevenção da pandemia e a ressurreição do turismo, o mercado nas zonas históricas de Macau e da Taipa recuperou consideravelmente.

Em entrevista ao PLATAFORMA, o diretor sénior da agência imobiliária Centaline Macau e Hengqin, Roy Ho Siu Hang, destacou que algumas lojas nas zonas turísticas, que tinham tido uma redução na renda mensal para 30.000-50.000 dólares de Hong Kong, viram subitamente a sua renda aumentar para 150.000 dólares de Hong Kong.

No entanto, indica que embora as rendas tenham aumentado várias vezes quando comparadas com o período da pandemia, o volume de arrendamento de lojas no Distrito Central recuperou para apenas cerca de 60 por cento dos valores em 2019.

Ho, prevê que daqui em três ou seis meses, 80 a 90 por cento das lojas nas zonas turísticas centrais estarão abertas ao público.

Melhor negócio, maiores rendas

Entretanto, Chris Wong aponta que vários proprietários já aumentaram significativamente o valor das rendas em oferta. “As rendas pedidas são semelhantes às de antes da pandemia, mas lojas com valores ainda muito elevados não foram ainda arrendadas, e das que foram, as da área das Ruínas ainda estão com rendas cerca de 20 por cento mais baixas do que antes,” diz Wong.

Roy Ho cita o exemplo de um quarteirão comercial inteiro no Largo de São Domingos, que foi recentemente arrendado a um grupo de marcas desportivas por cerca de 2 milhões de dólares de Hong Kong, lembrando que o mesmo local podia chegar aos 6 milhões de dólares de Hong Kong em alturas de maior fulgor económico.

“Outra loja na mesma área que podia chegar a 300.000-400.000 dólares de Hong Kong de renda em melhores tempos, foi recentemente arrendada por cerca de 150.000, apenas metade,” diz Ho.

Em 2022, em comparação com 2019, a renda na zona das Ruínas de São Paulo caiu cerca de 40 a 50 por cento, e cerca de 30 por cento na zona Taipa Velha

Chris Wong Sai Fat, Presidente da Associação dos Agentes Imobiliários do Sector Imobiliário de Macau

No entanto, o representante associativo avisa que, embora as medidas de prevenção pandémica tenham sido removidas e o número de visitantes tenha aumentado significativamente para 1,4 milhão em janeiro deste ano, ainda é um número bastante inferior aos 3,4 milhões registados em janeiro de 2019.

Assim, Wong prevê que deve levar pelo menos um ano para o mercado recuperar para níveis pré-pandemia e mais de um ano e meio para que os moradores locais recuperem a confiança e capacidade de consumo.

Lei Cheok Kuan aponta que como a maioria dos proprietários reduziram as rendas a pedido dos inquilinos durante a pandemia, aumentos são esperados nos próximos tempos.

“A maioria das lojas que contactámos informaram que vão aumentar as rendas quando o contrato expirar.”

No entanto, Lei acredita que a atual situação ainda não justifica as rendas praticadas anteriormente. “Se virmos os dados de maneira objetiva, os turistas estão a regressar a Macau, mas o valor máximo do número de turistas ainda não atingiu o pico médio diário de mais de 100.000 turistas, ainda estamos com cerca de 40.000 a 50.000 turistas por dia”.

Portanto, de maneira a “não matar a galinha para apanhar o ovo” Lei acredita que os proprietários devem ser “racionais” e negociarem uma renda adequada quando encontrarem um bom inquilino.

“Se houver uma loja a operar, o proprietário terá uma renda estável. É bom para os dois lados”.

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