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Produtos de Timor-Leste entram no mercado chinês

Viviana ChanViviana Chan

Timor-Leste, um país de língua portuguesa pouco conhecido na China, tem vindo a entrar gradualmente no mercado chinês através da Exposição Internacional de Importação da China. Em poucos anos, o valor das importações chinesas de Timor-Leste aumentou mais de 4.000 por cento, para quase 90 milhões de dólares americanos

de Livre Comércio de Xangai tornou-se no primeiro pavilhão nacional do país nessa zona comercial, através da segunda edição da Feira, para promover de forma eficiente o café timorense e realizar atividades de intercâmbio sobre a cultura do café.

Em 2020, na sua segunda participação na Expo, Timor-Leste recebeu encomendas no valor de cinco milhões de dólares, valor já superior às exportações de café do ano anterior. O seu ‘cartão de visita nacional’, o café “Kopi Luwak”, conseguiu também entrar na China pela primeira vez em 2021.

O Kopi Luwak ou Café Civeta é um café produzido com grãos de café extraídos das fezes da civeta. A civeta seleciona os grãos antes de ingeri-los, mas apenas a polpa é digerida, e a semente passa intacta pelo sistema digestivo do animal. Durante a digestão, as bactérias e enzimas únicas do animal são responsáveis pela diferença de qualidade do café industrializado.

De acordo com o Gabinete Nacional de Estatística de Timor-Leste, o país exportou 348 toneladas de grãos de café para a China em 2021, um aumento de 140 por cento em relação ao ano anterior.

Em declarações ao PLATAFORMA, na recente edição de 2022 da Feira, Bei Lei, curadora executiva do Pavilhão Nacional de Timor-Leste, disse que quando esteve pela primeira vez na Expo de Xangai, os consumidores chineses tinham pouco conhecimento do país e tinham que ser educados sobre a sua localização e História.

No entanto, conta que na edição mais recente os clientes têm vindo especifi- camente à procura da banca de Timor- -Leste, o que representa uma grande diferença relativamente ao passado. Em 2022,“a visita do Ministro dos Ne- gócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, a Timor-Leste tornou o país um pouco mais conhecido na China”, reconhece. Bei Lei tem vindo a organizar os produ- tos do país para a exposição há muitos anos e testemunhou a mudança do es- tatuto do café de Timor-Leste na China de um “desconhecido” para uma “cele- bridade no universo online”.

Para a Expo deste ano, o Pavilhão Na- cional de Timor-Leste criou um cartoon baseado na civeta asiática, na esperança de criar uma imagem de marca para o café de Timor-Leste.

“O mercado de café é muito competitivo e há muitos produtos diferentes com características diferentes. Queríamos fazer da civeta asiática uma porta-voz dos nossos produtos e usá-la em dife- rentes produtos para atingir um grupo de consumidores mais jovens”, desvenda Bei Lei.

ALIMENTOS ORGÂNICOS

Além do café, pela primeira vez na Expo 2022, a China importou de Timor-Leste alimentos orgânicos saudáveis, como açafrão em pó, pimenta-do-reino, pó de folhas de moringa e sal marinho natural. A curadora revela que durante a prepa- ração no primeiro semestre de 2022, o Pavilhão recebeu muitas abordagens não solicitadas de fornecedores de Timor. “Os produtores locais estão a aperceber- -se da expansão das exportações para a China e estão a competir para vender os seus produtos”, aponta.

Devido ao alto preço unitário dos pro- dutos naturais e orgânicos, os principais mercados consumidores estão atualmen- te em cidades de primeira linha, como Pequim e Xangai.

Bei Lei diz que os produtos de sal ma- rinho naturais de Timor-Leste também

chamaram à atenção da estatal China National Salt Industry Group, que está a contactá-los para um possível futu- ro comércio a granel entre a China e Timor-Leste. “Estamos neste momento a coordenar com as alfândegas chinesas a importação de produtos de Timor-Leste, pois têm novos procedimentos para pro- dutos de países que nunca antes foram importados”, explica a curadora.

CHINA INVESTE EM FÁBRICAS DE CASTANHA DE CAJU

A criação do Pavilhão Nacional de Timor-Leste fez o comércio entre a China e Timor-Leste crescer. Os cajus brancos orgânicos de Timor-Leste foram trazidos para a China por acaso, mas acabaram inesperadamente por se tornar populares entre os consumidores chineses. No entanto, o nível de desenvolvimento agrícola em Timor-Leste é limitado e as castanhas de caju colhidas precisam de ser processadas no local, o que nem sempre é possível devido à falta de ins- talações de processamento.

Com o Pavilhão Nacional a assumir a liderança, o investimento chinês foi mobilizado para a construção de uma

fábrica de processamento de castanha de caju em Timor-Leste.
“Com a ajuda do Instituto de Promoção de Comércio da Província de Zhejiang, o Pavilhão Nacional de Timor-Leste abriu uma sucursal em Zhejiang. A sucursal assumiu a liderança no investimento na indústria da castanha de caju devido à sua popularidade no mercado continen- tal e à falta de recursos de produção des- se fruto seco em Timor-Leste. Portanto, é uma combinação perfeita.”

Bei Lei espera que a planta de proces- samento de caju esteja pronta para pro- dução em massa a partir de 2023. Para expandir ainda mais as suas vendas na China, o Museu Nacional de Timor-Les- te começou a recorrer a plataformas de comércio eletrónico.

“Os produtos de Timor-Leste serão introduzidos em plataformas de e-com- merce como o TikTok e vamos tentar vender via live-streaming. Esta é a forma mais popular de vender na China. Agora estamos a trazer algumas equipas jovens para entrar nas vendas online.”

Bei Lei destaca também que o Pavilhão Nacional de Timor-Leste se concentra- va no comércio a granel e tinha menos contato com o consumidor, mas que o

atual padrão de consumo fez com que percebessem que os canais de e-com- merce têm uma cobertura de vendas mais ampla.

20 ANOS DE AMIZADE

Ao mesmo tempo, 2022 marcou o 20o aniversário do estabelecimento de re- lações diplomáticas entre a China e Timor-Leste.

A Embaixada do Timor-Leste na China, o Pavilhão Nacional de Timor-Leste e outros departamentos organizaram em conjunto a Taça “Pomba da Paz”, uma atividade de pintura para intercâmbio cultural entre a China e Timor-Leste, e exibiram desenhos infantis em Xangai e Timor-Leste.

“No início, as crianças chinesas não sabiam muito sobre o país, mas de- vido ao maior intercâmbio cultural, muitas crianças chinesas optaram por desenhar temas timorenses, como a segunda maior estátua de Jesus do mun- do, um marco do país. Desta maneira, Timor-Leste promove-se não só através do aroma único do café, mas também através do intercâmbio cultural”, diz Bei Lei.

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