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Web Summit para transformar o Rio na capital de tecnologia sul-americana

Nelson MouraNelson Moura

A Web Summit escolheu o Rio de Janeiro para realizar a sua primeira edição fora da Europa. Ao PLATAFORMA, Alexandre Vermeulen, vice-presidente da agência de promoção e atração de investimentos da câmara municipal da cidade, descreve a escolha como uma oportunidade de “transformar o Rio na capital de tecnologia e inovação da América Latina”

Depois de seis anos em Lisboa, os organizadores da conferência de tecnologia Web Summit decidiram expandir o evento para o Brasil, com a primeira edição fora da Europa a ter lugar no Rio de Janeiro, em maio de 2023.

Após receber propostas de várias cidades brasileiras, a Cidade Maravilhosa foi a selecionada para albergar nos próximos seis anos aquela que já é uma das maiores conferências de tecnologia do mundo.

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“Desde o ano passado que a câmara municipal do Rio vem ao evento. O nosso perfeito (Eduardo Paes) veio cá conhecer o evento onde percebeu a importância que este teve na cidade de Lisboa, ao trazer muitas startups e muito empreendedorismo,” diz ao PLATAFORMA Alexandre Vermeulen, vice-presidente Invest.Rio – agência de promoção e atração de investimentos da câmara municipal da cidade.

“Uma das nossas missões no Rio de Janeiro é transformar a cidade na capital da tecnologia e da inovação da América Latina. Estamos a trabalhar muito para isso. Portanto, levar o Web Summit para o Rio de Janeiro é uma das missões que temos e um dos passos para transformar o Rio numa capital de inovação”.

MAIOR PRESENÇA DE SEMPRE NA WEB SUMMIT

A decisão de replicar o evento parece já ter gerado grande interesse no país sul-americano, com a edição em Lisboa a registar a maior participação de sempre de startups e empresários brasileiros da sua história.

Este ano, o evento realizado entre 1 e 4 de novembro acolheu cerca de 71.000 participantes, acima de 2.600 ‘startups’ e empresas, 1.120 investidores e 1.040 oradores.

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De acordo com a Web Summit, das 116 nacionalidades presentes no certame, o Brasil representava o terceiro maior contingente, representando mais de cinco por cento do total dos participantes.

O país mais populoso da Lusofonia teve um lugar de destaque na Web Summit, com um ‘stand’ imponente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) – que levou consigo 60 startups e 20 empresas – e ‘stands’ das autoridades municipais do Rio de Janeiro e São Paulo.

O próprio co-fundador e presidente executivo da Web Summit, Paddy Cosgrave, realçou a maior presença canarinha de sempre na sessão de abertura do evento. O entusiamos e quantidade de bandeiras azul-celeste foram apenas rivalizados pela considerável presença ucraniana.

“Creio que somos uma das três nacionalidades que mais trouxeram startups ao evento. Temos grandes ‘stands’ a representar o Brasil na Web Summit porque temos todo o interesse em mostrar ao mundo inteiro que não somos só uma cidade de diversão ou de belezas naturais, mas também uma capital de inovação,” salienta Vermeulen ao PLATAFORMA.

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Segundo o representante da Invest. Rio, a cidade já tem uma vasta experiência em organizar eventos de grandes dimensões, desde o Rock in Rio, aos Jogos Olímpicos e o Mundial de Futebol.

Rodrigo Stallone, presidente da Invest. Rio, já tinha indicado que as autoridades municipais esperam que o evento gere 2 mil milhões de reais por ano, e que atraia 15.000 participantes no primeiro ano.

Esse número deve crescer ao longo dos seis anos em que o evento será realizado na cidade, com cerca de 20 por cento a 25 por cento a vir de fora do Brasil nas primeiras edições.

LIMPAR UMA IMAGEM “VIOLENTA”

Vermeulen realça que organizar uma das maiores conferências de tecnologia e inovação será uma oportunidade para alterar a perceção do Rio como uma cidade “violenta” que só tem “belezas naturais” para oferecer e “pouco mais”.

Alexandre Vermeulen

“As pessoas vão chegar ao Rio de Janeiro e vão entender que o Rio é muito, mas muito mais do que isso. Nós temos as melhores universidades do Brasil, temos uma universidade que é das melhores do mundo em matemática […] temos uma grande indústria criativa […] e muitas iniciativas dentro da cidade para ajudar a transformá-la realmente numa capital da tecnologia”, aponta.

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Como exemplos aponta a Programadores Cariocas, uma iniciativa que oferece 1.200 vagas para um curso de treino nas áreas de tecnologia da informação, com prioridade para jovens em situação de vulnerabilidade social.

O programa, anunciado este ano pelas autoridades do Rio, oferece bolsas integrais e parciais a estudantes residentes na cidade entre 17 e 29 anos, com ensino secundário completo na rede pública.

“O plano vai ajudar a treinar mais de 5.000 jovens de baixos rendimentos e em situação de vulnerabilidade. Queremos ajudá-los a sair de uma situação de risco e tornarem-se programadores ‘web full stack’ com uma alta taxa de empregabilidade. Dessa maneira poderão receber um salário quatro vezes superior ao que recebem atualmente e vai ajudá-los certamente a transformar a sua vida,” vaticina.

O mesmo programa tem como objetivo também a suprir o “défice” de profissionais de tecnologias de informação que se faz sentir não só no Brasil, mas globalmente.

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Segundo o representante, as autoridades da cidade carioca também trabalham para que o Rio seja uma cidade ‘criptofriendly’, tendo as maiores empresas de criptomoedas do mundo, como a Binance e a Tezos.

Em março deste ano, por exemplo, o município anunciou que a partir de 2023 passará a ser a primeira cidade do país a aceitar o pagamento de impostos em criptoativos.

Ao mesmo tempo, as autoridades da cidade planeiam estabelecer o “maior polo de inovação da América Latina” na Zona Portuária do Rio de Janeiro.

Pensado como o ‘Silicon Valley Carioca’ o projeto Porto Maravelley irá ocupar uma área de cerca de dez mil metros quadrados na Zona Portuária do Rio de Janeiro, com as autoridades da cidade a planear um investimento de cerca de 40 milhões de reais.

Segundo a Invest.Rio, o projeto tem como um dos principais propósitos a formação de um ecossistema de empresas de diversos tamanhos de base tecnológica ou que oferecem serviços para esse mercado, de startups e agências digitais a organizações bilionárias do mercado de edutech.

“Esse pólo vai concentrar um hub de educação e inovação no mesmo local. Já temos várias fundações e multinacionais interessadas e a construção deve começar em 2023,” revela Vermeulen.

WEB SUMMIT NA CHINA?

Quando anunciou o Rio de Janeiro como novo destino para o evento, o cofundador e presidente executivo da Web Summit, Paddy Cosgrave, justificou a sua ‘clonagem’ para o Brasil com a necessidade de angariar mais participantes de outras localidades e admitiu levar a conferência para outras regiões do globo. Inicialmente organizado na sua cidade natal de Dublin, a Web Summit mudou de malas e bagagens em exclusivo para Lisboa em 2016 onde tem sido organizada anualmente, salvo no interregno criado pela pandemia.

O empresário surpreendeu então tudo e todos quando anunciou o Brasil como o destino para a primeira edição da Web Summit fora da Europa. Durante a edição deste ano, entre 1 a 4 de novembro, Cosgrave apontou também outros possíveis destinos para futuras edições.

Paddy Cosgrave

Primeiro, anunciou que o evento tecnológico chegará a África dentro de três a quatro anos, em 2025 ou 2026, para de- pois revelar que a China poderia também receber oevento em 2025.

“É o país mais populoso do mundo e acho que ter algo em Xangai, em Shenzhen, Cantão ou até em Pequim seria incrível. Só temos que escolher a cidade ideal, mas quem sabe, talvez em 2025 possamos trazer o mundo a Pequim,” revelou Cosgrave à CGTN, o ramo internacional da televisão pública chinesa, CCTV.

A mesma companhia que organiza o Web Summit é também responsável pela RISE, a maior conferência de tecnologia da Ásia organizada em Hong Kong, contudo, devido às restrições pandémicas, o evento apenas regressará à região especial ad- ministrativa em março de 2024

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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