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Medidas de segurança após avalanche geram polêmica na Itália

Será preciso proibir o acesso às geleiras? Ou instalar bandeiras vermelhas, como em praias, para indicar o perigo? A polêmica sobre as medidas de segurança em torno dos Alpes surgiu na Itália após uma avalanche mortal na Marmolada.

O deslizamento de pedras e gelo no domingo (3) arrastou vários alpinistas que escalavam o pico mais alto dos Dolomitas, de mais de 3.300 metros de altitude, no noroeste do país.

O número de mortos aumentou de sete para nove após a descoberta de dois novos corpos nesta quarta-feira (6), segundo as autoridades locais. As buscas por três desaparecidos continuam.

Segundo testemunhas, vários guias haviam alertado nas últimas semanas para os perigos da geleira, debilitada pelo aquecimento global e pelas altas temperaturas registradas este ano na Itália. Na véspera da tragédia, foram registrados 10°C no cume da Marmolada.

As altas temperaturas aceleraram o derretimento da geleira, e há água acumulada sob o gelo, o que aumenta os temores de novos colapsos.

“Até o final”

“Por que ninguém avisou no sábado que havia água sob a geleira? Por que não impediram as pessoas de subirem?”, questiona Deborah Campagnano, irmã de Erika, de 44 anos, que está desaparecida.

“Se houver um responsável, iremos até o final”, adverte.

Para o presidente da Associação de Cidades de Montanha (Uncem), Marco Bussone, é preciso “revisar completamente” as condições de acesso à geleira depois da tragédia.

O meteorologista Luca Mercalli considera a proposta “ridícula”.

“O que podemos fazer? Cercar 4.000 geleiras alpinas?”, questionou.

Muitos alpinistas experientes rejeitam a ideia, que consideram um atentado contra a liberdade, além de uma medida ineficaz.

Embora o acesso à Marmolada esteja proibido desde a tragédia, montanhistas se aventuram todos os dias nas trilhas.

A Promotoria de Trento iniciou uma investigação para determinar as possíveis responsabilidades, mas descartou “a previsibilidade do fato, negligência, ou imprudência”.

Bandeiras vermelhas

O presidente da província de Trento, onde se encontra a geleira Marmolada, acredita que é possível implementar inovações.

“Somos pessoas da montanha, desde sempre conhecemos os riscos. A montanha deve permanecer aberta, do contrário, morreremos. Mas podemos criar um sistema de alerta, quando as condições climáticas forem excepcionais”, admitiu ele em entrevista ao jornal La Repubblica.

Como no mar, “as bandeiras vermelhas podem ser úteis, assim como a emissão de boletins sobre os níveis de segurança”, disse.

Em entrevista à AFP, o especialista francês Bernard Francou também propôs soluções.

“Podemos monitorar as geleiras com métodos modernos e alertar as populações que vivem nas encostas, quando houver perigo evidente”, afirmou.

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