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Rússia e China inauguram ponte ferroviária para ampliar comércio

Gonçalo Lopes

Dois anos após a conclusão da mesma, a Rússia e a China inauguraram na passada sexta-feira, dia 10 de junho, a ponte Blagoveshchensk-Heihe, o nome das duas cidades separadas pelo rio Amur. Contudo, esta esteve fechada desde 2020, sobretudo devido à pandemia e à política de casos zero na China.

No entanto, foi agora alvo da abertura ao tráfego, embora o governo de Xi Jinping continue acérrimo defensor da política estratégica que adotou quanto à luta contra a COVID-19. Assim, são muitos os que consideram que a inauguração desta ponte neste preciso momento poderá ser uma forma da China ajudar a Rússia a fugir às sanções impostas pela União Europeia devido à invasão da Ucrânia por parte do regime de Vladimir Putin.

Refira-se que a China foi um dos poucos países mundiais que não condenou a invasão da Rússia à Ucrânia e se dúvidas houvessem sobre de que lado este país asiático poderia estar neste conflito, a ponte Blagoveshchensk-Heihe, de pouco mais de um quilómetro de extensão, parece agora colocar um ponto final sobre as mesmas, até porque durante a inauguração ambos os governos fizeram questão de recordar que estão a empenhar-se “numa parceria bilateral sem limites”.

A ponte, que custou 330 milhões de dólares, a grande maioria financiada pelo governo de Vladimir Putin, será destinada exclusivamente ao transporte de mercadorias e terá a capacidade para que 630 camiões, 164 autocarros e 68 veículos ligeiros possam atravessá-la diariamente. Refira-se que o transporte entre as duas cidades dependia de barcos ou estradas temporárias, construídas sobre o gelo, durante os meses do inverno. Desta forma, a ponte proporcionará uma rota entre as duas margens que está disponível 365 dias por ano.

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“Este não é um acontecimento isolado, faz parte de um grande trabalho que está a ser realizado pelo governo russo no sentido de desenvolver corredores de transporte para leste. No mundo dividido de hoje, a ponte Blagoveshchensk-Heihe entre a Rússia e a China carrega um significado simbólico especial. O desenvolvimento de laços económicos com a China e com outros países da região Ásia-Pacífico permite criar a base para a estabilidade e a paz na região”, salientou Yury Trutnev, vice-presidente do governo da Rússia, durante a inauguração de uma ponte que começou a ser construída há oito anos e depois de alguns adiamentos e restruturações foi agora inaugurada.

Ainda assim, devido à pandemia e à política de casos zero, com a obrigação de uma quarentena a quem chega do outro lado da fronteira, o crescimento comercial poderá ainda não atingir o pico que todos esperam, como revelou Yekaterina Kireeva, o responsável económico russo da região de Amir: “As altas exigências da China devido à pandemia de COVID-19 limitam-nos um pouco. No entanto, este é apenas o primeiro dia de uma ligação que será marcante no futuro comercial dos dois países.”.

Laços muito além do comércio bilateral

Além do comércio, a amizade entre os dois países, levou a que após o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, a China mantive-se uma posição ambígua sobre o assunto, pedindo respeito “pela integridade territorial de todos os países” e “pelas preocupações legítimas de segurança da Rússia”, expressando também oposição às sanções impostas contra Moscovo.

Este laço, aliás, é de tal forma evidente que o dois países já realizaram mesmo algumas manobras militares em conjunto, concretamente em agosto do ano passado, quando mais de 10 mil soldados estiveram em exercícios num local não divulgado na China. E já no mês passado, as forças armadas das duas nações realizaram um exercício militar que durou 13 horas, com uma patrulha aérea no Mar do Japão, no Mar da China Oriental e no Pacífico Ocidental. De acordo com o site do Ministério de Defesa da China, estes exercícios envolveram bombardeiros estratégicos russos Tu-95 e chineses Xian H-6.

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