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Doze grandes clubes europeus lançam ‘Superliga’ independente da UEFA

AFP

Doze grandes clubes do futebol europeu emitiram um comunicado anunciando para “agosto” a estreia de uma “Superliga” independente, competição que irá rivalizar com a Liga dos Campeões, organizada pela UEFA

“Doze dos mais importantes clubes europeus anunciam que fecharam um acordo para a criação de uma nova competição, a Superliga, gerida pelos clubes fundadores. Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, Barcelona, Inter de Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham uniram-se como clubes fundadores” deste novo torneio, de acordo com um comunicado enviado à AFP.

A temporada inaugural vai começar o “quanto antes”, acrescenta o texto, sem definir um cronograma preciso. 

Este projeto, explicam seus promotores, tem como objetivo “gerar recursos complementares para toda a pirâmide do futebol”. 

“Em troca do empenho, os clubes fundadores receberão um pagamento único da ordem de 3,5 bilhões de euros (4,19 bilhões de dólares), destinados apenas a investimentos em infraestruturas e para compensar os impactos da crise da covid-19”, destacou a mensagem. 

Se este valor se confirmar, seria muito superior ao valor pago aos clubes pela Uefa em todas as competições organizadas pela entidade (Liga dos Campeões, Liga Europa e Supertaça Europeia), que geraram 3,2 bilhões de euros (3,88 bilhões de dólares) em direitos de transmissão na temporada 2018-2019, antes que a pandemia afetasse seriamente o mercado europeu de direitos esportivos. 

O primeiro presidente da Superliga é o espanhol Florentino Pérez, presidente do Real Madrid.

“Vamos ajudar o futebol em todos os níveis, para levá-lo ao lugar que merece. O futebol é o único esporte global (…) Nossa responsabilidade como grandes clubes é atender às expectativas dos torcedores”, disse Pérez, citado na declaração. 

O italiano Andrea Agnelli, patrono da Juventus, será o vice-presidente desta liga independente.

Reação da UEFA

Instantes após a emissão do comunicado da criação desta entidade gerida pelos clubes, a Fifa afirmou que  “só pode desaprovar uma Liga Europeia fechada e dissidente fora das estruturas do futebol”. 

“A Fifa quer esclarecer que está firmemente posicionada em favor da solidariedade no futebol e de um modelo de redistribuição justo”, anunciou o órgão que comanda o futebol mundial.

 “A Fifa sempre defende a unidade no futebol mundial e apela a todas as partes envolvidas nas discussões acaloradas a se engajarem em um diálogo calmo, construtivo e equilibrado para o bem deste jogo”, completou

Mais cedo a Uefa anunciou que pretende excluir os clubes que participarem de uma “Superliga” independente, numa reação a este torneio que poderia concorrer com a Liga dos Campeões, que terá modificações anunciadas na segunda-feira. 

“Alguns clubes ingleses, espanhóis e italianos podem pensar em anunciar a criação de uma chamada Superliga independente”, divulgou a entidade que rege o o futebol europeu em um comunicado, no qual classifica o projeto de “cínico”. 

“Conforme anunciado anteriormente pela Fifa (…), os clubes envolvidos seriam proibidos de participar em qualquer outra competição a nível nacional, europeu ou mundial, e aos seus jogadores poderia ser negada a possibilidade de representar as suas selecções nacionais.” 

A Uefa e a Fifa já haviam divulgado medidas duras em janeiro quando surgiram as primeiras especulações sobre esse novo torneio. 

A punição com exclusão das competições internacionais  teria consequências graves, uma vez que os clubes que teoricamente participariam desta superliga independente estão repletas de jogadores estrangeiros, que seriam proibidos de atuar por suas seleções nacionais. 

Resta saber se tal medida estaria em conformidade com o direito europeu da concorrência, ponto que abre a possibilidade de uma batalha jurídica se os clubes insistirem em organizar esta competição. 

O anúnico desta posição da Uefa surge na véspera da reunião de seu Comitê Executivo (nesta segunda-feira, a partir das 04h00 de Brasília), na cidade suíça de Montreux, para aprovar uma profunda reforma da Liga dos Campeões, com a qual pretende eliminar a possibilidade de surgimento dessa Superliga.

A Uefa agradeceu aos clubes que não se manifestaram a favor desta inciativa independente, “em particular aos times franceses e alemães, que se recusaram a participar deste projeto”.

Já a Associação Europeia de Clubes (ECA, pela sigla em inglês), da qual fazem parte grandes times do futebol europeu, declarou também neste domingo ser “fortemente contra um modelo fechado da Superliga”, as primeiras notícias sobre a sua criação. 

“A ECA, como organismo representativo de 246 clubes de primeira linha em toda a Europa, reafirma o seu empenho em trabalhar no desenvolvimento do modelo de competição de clubes da Uefa, com a Uefa, para o ciclo que começa em 2024”, divulgou a entidade através do Twitter. 

Esta posição firme da ECA pode surpreender, tendo em conta que este grupo, muitas vezes visto como o porta-voz dos clubes mais poderosos da Europa, é presidido pelo italiano Andrea Agnelli, patrono da Juventus, uma das equipes envolvidas na criação da Superliga. 

“A ECA mantém-se na posição aprovada no seu Comitê Executivo de 16 de abril, ou seja, apoia o compromisso de trabalhar com a Uefa numa nova estrutura para o futebol europeu como um todo após 2024”, acrescentou o organismo. 

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