O chefe de Estado brasileiro negou, na quinta-feira, a possibilidade de efetuar uma reforma ministerial, contradizendo o vice-Presidente, ao mesmo tempo que sublinhou não precisar de “palpiteiros” no Governo.
Na quarta-feira, em entrevista à rádio Bandeirantes, o vice-Presidente, general Hamilton Mourão, antecipou uma possível reforma ministerial, citando o ministro das Relações Exteriores como alvo de uma possível troca.
“O que menos precisamos é de palpiteiros no que toca à formação do meu Ministério. Todos os 23 ministros sou eu que escolho e mais ninguém. Se alguém quiser escolher ministro, que se candidate em 2022 [ano de eleição presidencial] e boa sorte em 2023”, afirmou Jair Bolsonaro, em frente à residência oficial em Brasília, em resposta a um apoiante sobre as declarações de Mourão.
Bolsonaro frisou que a única substituição ministerial que poderá ocorrer é na pasta atualmente comandada por um ministro interino, numa referência à Secretaria-Geral da Presidência.
“O vice falou que eu estou para trocar o chefe do Itamaraty [nome como é conhecido o Ministério das Relações Exteriores brasileiro]. Quero deixar muito claro uma coisa: tenho 22 ministros efetivos e um que é interino. É aí que podemos ter um nome diferente ou a efetivação do atual”, disse, citado pela imprensa local
“Todas as semanas recebo da ‘media’ informações de que vão ser trocados ministros, tentando sempre semear a discórdia no nosso Governo. Lamento que gente do próprio Governo agora passe a dar palpites face à troca de ministros”, criticou Bolsonaro.
Na entrevista, Mourão disse que as mudanças no executivo podiam acontecer depois da eleição dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, agendada para a próxima segunda-feira e que pode levar a uma nova recomposição da base nas câmaras legislativas.
No entanto, o general esclareceu que não conversou com o Presidente sobre o assunto e destacou ainda que a decisão sobre qualquer mudança ministerial “é exclusivamente” de Bolsonaro.
A eventual exoneração de Araújo, diplomata de carreira, mas muito alinhado com a ideologia de extrema-direita de Bolsonaro, tem sido objeto das mais diversas conjeturas desde meados do ano passado, quando as suas posições ideológicas sobre a pandemia de covid-19 causaram conflitos diplomáticos com a China, o principal parceiro comercial do país.
Em diversas ocasiões, Araújo apelidou a covid-19 de “vírus chinês”, chegou a chamá-lo de “comunavírus” e insinuou que as autoridades de Pequim haviam inicialmente ocultado a doença.