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Oposição moçambicana quer explicações da polícia sobre rapto de dirigente da Renamo

A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, quer mais explicações da polícia sobre o alegado envolvimento de agentes no rapto de Sofrimento Matequenha, antigo deputado e delegado provincial da Renamo, anunciou o partido.

“Esperamos que a polícia diga alguma coisa e que não se limite a negar [o envolvimento], porque isso não é suficiente”, disse Eduardo Leite, porta-voz da Renamo na província de Manica, centro do país, numa conferência de imprensa na terça-feira.

O dirigente da Renamo entende que o rapto pode estar ligado a suspeitas de que Matequenha esteja ligado à Juta Militar da Renamo, grupo dissidente que têm atacado aldeias e transportes civis no centro do país, provocando 30 mortos desde agosto de 2019.

Face ao testemunho da esposa da vítima, que assistiu ao sequestro, o dirigente diz mesmo que “é a polícia” que tem de provar que “não é autora do rapto”.

“Quem acusa, tem direito de acusar, mas quem diz ‘não’, também tem o dever de provar e isso ainda não aconteceu. O que aconteceu foi a Polícia negar o rapto e dizer que a esposa deve ir apresentar queixa”, aclarou Eduardo Leite.

O antigo deputado e delegado provincial da Renamo em Manica, Sofrimento Matequenha, foi raptado na sua residência no início da noite de domingo, segundo denunciou a família.

Um grupo armado, equipado com farda policial, invadiu a casa da vítima no bairro Nhamaonha, subúrbio de Chimoio, capital provincial de Manica, tendo-o levado numa viatura preta, com vidros fumados, contou Lurdes Inácio, esposa do político.

Sem esclarecer se reconheceu algum dos rostos dos raptores, a esposa descreveu-os como polícias, pelos fardamentos, botas, armas e pela forma como manipularam as armas.

Silva Matequenha, o irmão do político, disse ter procurado informações sobre o paradeiro do antigo deputado e delegado juntos das subunidades da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Chimoio, mas sem sucesso.

A polícia em Manica negou a participação de agentes da corporação no rapto do político, sustentando que a corporação existe para “garantir a ordem e tranquilidade pública, independentemente da sua filiação política”, segundo Mário Arnaça, porta-voz da instituição.

Eduardo Leite nega que o rapto esteja relacionado com fricções internas que têm afetado a Renamo, insistindo que a formação política tem denunciado desde há vários anos raptos e assassinatos de membros e dirigentes, sem o desfecho dos casos.

“Nós estamos sempre preocupados. Não sabemos quem vai ser raptado amanhã, quem vai ser raptado depois e isso nos preocupa-nos”, frisou.

“Não tivemos nenhum caso de rapto em que a pessoa voltasse ao nosso convívio” disse Eduardo Leite, que apelou aos raptores a pararem com a agressão para o partido se concentrar no trabalho político.

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