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A portugalidade da TAP

Nuno CarvalhoNuno Carvalho
Nuno carvalho

As recentes notícias referentes ao plano de restruturação da TAP resultam de reações por parte do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) após reunião com a administração da empresa.

De acordo com a informação pública conhecida nos termos indicados no parágrafo anterior entre a não renovação de contratos a termo e despedimentos a redução total deverá ascender a 4600 de trabalhadores, onde se incluem 500 pilotos.

A esta redução de trabalhadores soma-se a redução de 108 aviões para um número entre 83 e 89, conforme veiculado por vários órgãos de comunicação social.

Esta restruturação consagrará uma redução da capacidade operacional da TAP. Considerando que a importância estratégica da TAP foi, por diversas ocasiões, mencionada para justificar a injeção de 1200 milhões de euros na empresa será fundamental perceber de que forma a redução da capacidade operacional permite manter a componente estratégica.

Nesta componente estratégica estão presentes as rotas que permitem a ligação com os países onde residem grandes comunidades portuguesas.

A redução de rotas para países como Alemanha, Luxemburgo, Suíça e França poderá prejudicar fortemente as comunidades portuguesas.

O Primeiro Ministro António Costa afirmou em 2014, na qualidade de líder da oposição, que a TAP é tão fundamental para o país como foram as caravelas portuguesas.

Quando o atual Primeiro Ministro ligou a ideia da TAP a um país globalizado como Portugal, com comunidades em várias partes do mundo, não se pode limitar a um aeroporto. Existem mais destinos relevantes, a diversidade dos aeroportos utilizados pelas comunidades portuguesas não permite “afunilar” todas as rotas no Aeroporto Humberto Delgado.

A diversidade das rotas manifesta-se na pluralidade de países e continentes, mas não deve ter por consideração apenas o Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.

As ligações áreas de Funchal com Venezuela e África do Sul assumem particular importância entre as rotas relevantes para as comunidades portuguesas.

Neste sentido, as rotas que a TAP disponibiliza ou poderá vir a disponibilizar às comunidades portuguesas reflete a sua importância estratégica para Portugal.

A importância para as comunidades portuguesas está intrinsecamente ligada à importância económica da empresa e à sua dimensão exportadora. As rotas da TAP não produzem um efeito económico apenas para a própria empresa, alcançam externalidades económicas que se manifestam em diversos setores de atividade que beneficiam da vinda dos passageiros.

Neste sentido, é evidente que a rentabilidade de uma rota para a TAP não é o equivalente ao retorno económico para o país, e esta realidade ganha especial relevo nas ligações áreas utilizadas pelas comunidades portuguesas.

Deste modo, ainda que não exista competência direta no Ministério do Negócios Estrangeiros sobre a TAP, a sua importância para as comunidades portuguesas é manifestamente existente. Sendo expectável que o plano de reestruturação em curso tenha acautelado a importância estratégica da TAP na dimensão que concerne às comunidades portuguesas.

Nuno Carvalho

Deputado PSD

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