Hegang, em Heilongjiang, uma cidade mineira centenária, foi destruída em tempos pela exploração exaustiva de carvão. Porém, com recentes medidas de desenvolvimento sustentável foi criada uma nova estratégia para a cidade. Juntamente com a renovação de várias áreas degradadas e o tratamento de águas, tem sido promovida uma restauração ecológica de toda a região. Além destas melhorias, está ainda a ser impulsionada a transformação da cidade mineira.
Dai Changqing, professor reformado de 85 anos, gosta de passear pelo Campo Desportivo Xinyi em Dongshan, Hegang. “Venho aqui fazer uma hora de exercício todos os dias”, afirma. Aí encontra pistas para corridas, coretos, praças e uma série de equipamento de fitness. “Ninguém imaginava que este local iria transformar-se desta forma”, comenta. Antigamente existia aqui um edifício de um andar, perto de um aterro sanitário. Em dias de vento tudo se enchia de cinzas e as ruas ficavam cheias de lama quando chovia.
De acordo com Deng Jianfeng, presidente adjunto do distrito de Dongshan, em 2018 as áreas mais degradadas da região começaram a ser reconstruídas. Foram realocadas 908 casas e foi iniciada a construção de um parque público multifuncional, com reflorestação, decorações, espaços de fitness e entretenimento.
Toda a família de Dai Changqing vai ao parque para conviver com amigos. “Quando vi como este local tinha mudado, decidi voltar a viver aqui”, assinala.
Perto do Centro Desportivo de Xinyi, encontra-se o Parque Nacional Mineiro de Hegang, com todas as cicatrizes de escavações excessivas nesta antiga cidade mineira, agora transformado num novo local que relembra ainda a história e cultura únicas da região.
Ao longo dos últimos anos, a cidade de Hegang tem tentado restaurar estas áreas que sofreram escavações exaustivas através do conceito “Cidade Florestal Nacional”, onde foram criados 26 parques e 22 jardins, deixando gradualmente para trás a “história negra” da cidade e substituindo-a pelo novo “cartão-de-visita verde”.
“Esta área era inabitável”, lembra Li Chengzhi enquanto passeia ao longo do rio com a mãe, acrescentando que pensaram em mudar de casa várias vezes quando moravam nas margens do que mais parecia ser um esgoto, mas acabaram por nunca ter condições económicas para o fazer.

A cidade de Hegang, com o rio Heilong a norte e o rio Songhua a sul, possui vários recursos hídricos, incluindo ainda os rios Shitou e Xiao Heli que atravessam a cidade de este a oeste. Estes dois rios e os respetivos afluentes são responsáveis pelo sistema de controlo de cheias e saneamento da cidade.
Devido à falta de medidas ecológicas no passado, estes dois rios eram escuros e malcheirosos. Os resíduos, detritos e fezes dos residentes eram lá despejados diretamente, levando frequentemente à obstrução. “Nos dias chuvosos tínhamos de lutar contra o rio para salvar as casas”, conta Zhang Guangri, diretor do Departamento de Águas de Hegang.
“O ar estava cheio de cinzas, era impossível sair de casa sem máscara, nem uma camisa branca se podia usar”, recorda Wu Jingquan de 64 anos, vindo-lhe à memória o que se viveu num passado ainda recente.
Agora, de volta ao período do ano em que se usa aquecimento, os céus já não estão cobertos pelas cinzas de carvão. O céu de Hegang está azul e o ar é fresco. “Sinto-me muito melhor agora que posso ver o céu em dias de sol”, confessa Wu Jingquan.
A qualidade do ar da cidade melhorou largamente graças ao projeto “Hegang azul”, desenvolvido ao longo de três anos, a partir de 2018, incluindo medidas como a abolição de caldeiras a carvão e o controlo de queimadas para melhorar a qualidade do ar.
Segundo Yang Guanghui, diretor do Departamento da Ecologia e Ambiente de Hegang, ao longo dos últimos três anos a cidade retificou 20 empresas poluentes, desativou 371 caldeiras a carvão e promoveu o uso de geradores a biomassa e o retorno de palha aos campos, aumentando a taxa de aproveitamento deste recurso desde 49,7 por cento em 2017 para 91,2 por cento no ano passado.
Com os fundos recolhidos pela cidade nos últimos anos assistiu-se à plantação de milhões de árvores e à criação de mais de 1,4 milhões de metros quadrados em espaços verdes para purificar o ar da cidade e torná-la mais bonita e agradável de viver. Atualmente a taxa de cobertura florestal da cidade é de 50,61 por cento. Hegang foi promovida à categoria de “Cidade Nacional Ecológica” e “Cidade para Demostração de Tratamento de Águas e Esgotos”. Em 2019 a cidade contabilizou 358 dias com qualidade do ar de nível dois ou superior.