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Ministro do Interior admite que o país não tem experiência no combate ao “terrorismo”

O ministro do Interior moçambicano admitiu que o país não tem experiência no combate ao “terrorismo”, defendendo o pedido de auxílio à comunidade internacional e a opção das multinacionais que estão no país por empresas de segurança privada.

Amade Miquidade assumiu a impreparação das Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas contra o “terrorismo”, quando respondia a perguntas da oposição parlamentar moçambicana sobre a estratégia do Governo para acabar com a violência armada no norte do país e o recurso a empresas de segurança privada.

“O combate ao terrorismo faz-se com uma ‘expertise’ [conhecimentos especializados] que não temos”, declarou Amade Miquidade.

Países com forças de defesa e segurança mais bem apetrechadas que as moçambicanas são também atingidos por ataques terroristas ao longo de muitos anos, acrescentou Miquidade.

“Com o agravar da situação da segurança [no norte do país], o nosso Estado tem estado a sensibilizar os seus parceiros para obter mais apoios”, destacou.

Nesse sentido, prosseguiu, Moçambique já pediu ajuda à Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), União Africana (UA), Nações Unidas e União Europeia (UE).

Por outro lado, continuou, o Governo moçambicano tem mobilizado recursos policiais, militares e de segurança para a prevenção e repressão das ações de grupos armados no norte do país.

Sobre o alegado recurso “a mercenários” e a empresas de segurança privada por parte do Governo e das multinacionais petrolíferas no conflito armado no norte, mais concretamente na província de Cabo Delgado, o ministro do Interior assinalou que as necessidades das companhias internacionais exigem um tipo de proteção que apenas as empresas de segurança privada podem assegurar de forma adequada.

“Os novos atores económicos têm uma dinâmica securitária específica, a continuidade destes investimentos demanda uma especialização em meios que não temos”, ressalvou o governante.

Amade Miquidade não se referiu, particularmente, a alegações feitas por organizações nacionais e internacionais de que as FDS moçambicanas têm contado com a ajuda de uma empresa internacional do ramo de defesa nos ataques aéreos aos grupos armados em Cabo Delgado.

Também não mencionou diretamente o recente acordo entre o executivo e a multinacional francesa Total para a cooperação na área de segurança nos projetos de gás natural na bacia do Rovuma, norte do país.

A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, é palco há três anos de ataques armados desencadeados por forças classificadas como terroristas. Há diferentes estimativas para o número de mortos, que vão de mil a 2.000 vítimas.

Ontem no parlamento, o primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, afirmou que “as ações terroristas estão a criar centenas de milhares de deslocados internos, cujo número se situa, atualmente, em mais de 435 mil pessoas”.

Carlos Agostinho do Rosário avançou que mais de 10 mil pessoas que fugiram do conflito armado em Cabo Delgado chegaram à capital da província, Pemba, nos últimos dias.

O presidente do conselho municipal de Pemba disse que a cidade já não tem espaço para acolher mais deslocados de guerra no norte de Moçambique, após uma nova vaga de cerca de 10.000 pessoas, e anunciou que devem passar a ser conduzidos para localidades vizinhas.

“Temos no centro transitório de Paquitequete deslocados que manifestaram interesse em seguir para a vizinha província de Nampula. Outros serão encaminhados para os distritos de Montepuez, Ancuabe e Mecufi”, disse Florete Simba Motarua, citado pelo jornal Notícias de hoje.

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