O ciclista Português João Almeida anunciou hoje que se irá focar nas grandes voltas e em melhorar nos contrarrelógios e nas provas de montanha para continuar a “dar alegrias” a todos os portugueses
“No futuro, vou focar-me nas grandes voltas e acho que posso melhorar um pouco no contrarrelógio e, especialmente na montanha, que é onde se fazem as maiores diferenças e se vê a real capacidade”, afirmou João Almeida, nas Caldas da Rainha, durante uma homenagem em que prometeu “dar o [seu] melhor e trabalhar muito arduamente para dar mais alegrias aos portugueses”.
Satisfeito por “voltar a casa” e ainda “estupefacto por ver tudo rosa”, o ciclista agradeceu publicamente o apoio do “de todo o país, admitindo que tal “fez a diferença mentalmente, na corrida”, dando-lhe, ao longo das 21 etapas da Volta à Itália, “algo porque que sofrer”.
Recusando comparações com Joaquim Agostinho, por ainda estar no início da carreira, o atleta de 22 anos atribuiu o sucesso de jovens ciclistas aos “novos métodos de treino” e a uma nova mentalidade na formação das equipas.
“Jovens como eu, e mais novos, começamos a trabalhar muito profissionalmente desde cedo”, disse, lembrando que integra a seleção nacional de ciclismo desde os 15 anos e o percurso de internacionalização que o fez “ir evoluindo na capacidade física e psicológica”.
Uma evolução traduzida no feito histórico que lhe valeu a melhor prestação de sempre de um português na Volta a Itália, numa prova em que “psicologicamente tem que se ser muito forte” e onde “manter o foco é muito difícil”.
Talvez por isso, ele próprio tenha pensado, depois de agarrar “a camisola [rosa] ao terceiro dia, por milésimos de segundo”, que só a manteria por “dois, três dias, no máximo”. Mas, afinal, “foram 15 dias” que marcam a diferença no percurso do ciclista, que acredita que será, daqui para a frente, “mais respeitado e mais reconhecido”.
Um reconhecimento que foi já hoje expresso pelo secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, durante a cerimónia na Câmara das Caldas da Rainha, onde, em nome do Governo, elogiou “o feito extraordinário”, não apenas na classificação obtida, mas “no exemplo” e na “inspiração” que “dia após dia o João Almeida deu ao país”.
Foi, como definiu o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, Delmino Pereira, “um sonho cor-de-rosa” protagonizado pelo atleta, que “manteve sempre uma postura de lutar para defender a camisola” e que ao longo da volta fez “os portugueses apaixonarem-se por esta história”.
A homenagem da Câmara das Caldas da Rainha ficou ainda marcada pela oferta de uma jarra cerâmica com as armas da Rainha D. Leonor, fundadora da cidade, ao atleta, que seguiu depois para a sua terra natal, A-dos-Francos, onde a população o aguardava numa receção organizada pela junta de freguesia.