O secretário-geral da ONU, António Guterres, frisou esta semana por ocasião do Dia das Nações Unidas, que hoje se assinala, que a missão da organização que lidera desde 2017 “é agora mais crucial do que nunca”.
Numa mensagem especial sobre esta data simbólica, divulgada na quinta-feira, o líder da ONU enumerou alguns dos desafios globais atuais mais prioritários e urgentes, como a crise climática, a pandemia da covid-19, as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030), os conflitos armados e a defesa e proteção da dignidade humana e dos direitos humanos.
“Enfrentamos desafios colossais. Com solidariedade e cooperação globais podemos superá-los. É a razão de ser das Nações Unidas”, declarou Guterres na mensagem, apelando ainda “a todos, em todo o lado, que se unam.”
Numa entrevista recente à agência Lusa, e a propósito do 75.º aniversário da ONU, António Guterres afirmou estar convicto de que as instituições multilaterais mundiais estão “num momento de refundação”, apontando na mesma ocasião a necessidade de renovar “alicerces” perante as exigências dos tempos atuais.
“Estou convicto de que, 75 anos após a fundação das Nações Unidas, estamos num momento de refundação. Necessitamos examinar alguns dos alicerces em que assentam as nossas sociedades e instituições mundiais e renová-los, para que sejam adequados ao nosso tempo”, disse Guterres.
Em declarações à Lusa, António Guterres defendeu que as instituições multilaterais precisam de ser atualizadas, incluindo a própria Organização das Nações Unidas (ONU).
Estas instituições devem representar de forma mais equitativa a população mundial “em vez de conferirem um poder desproporcional a alguns, limitando a voz de outros, em particular no mundo em desenvolvimento”, sustentou então, sem fazer referências específicas.
Ainda na mesma entrevista, o ex-primeiro-ministro português sublinhou que as recentes crises vieram demonstrar que o mundo precisa de “mais e melhor multilateralismo”, o que significa “um multilateralismo que funcione de maneira eficaz e que traga resultados às pessoas que visa servir”.
“Precisamos, urgentemente, de instituições multilaterais que, estando assentes num consentimento global, possam agir de forma decisiva na promoção do bem comum. (…) Instituições multilaterais que sejam justas, com uma representação acrescida do mundo em desenvolvimento, de modo a que todos possam fazer ouvir a sua voz”, reforçou.
Nesse sentido, o representante sustentou que as Nações Unidas, “um fórum indispensável para um multilateralismo renovado e reformulado”, e os valores da Carta fundadora da organização septuagenária têm um papel importante a desempenhar.
A 01 de janeiro de 2017, o ex-primeiro-ministro português e ex-Alto Comissário para os Refugiados António Guterres sucedeu ao sul-coreano Ban Ki-moon, que cumpriu dois mandatos à frente da organização internacional (2007-2016), e tornava-se no nono secretário-geral da ONU para um mandato de cinco anos, até 31 de dezembro de 2021.