Macau testou 53.025 trabalhadores nas seis operadoras de jogo no território até quarta-feira, dia em foram retomados os vistos turísticos da província de Guandgong, de onde vem a maioria dos jogadores, anunciaram hoje as autoridades. O número de testes foi divulgado pelo responsável da Saúde, Alvis Lo Iek Long, durante a conferência bissemanal de acompanhamento da situação da covid-19 no território. O médico explicou ainda que os testes vão prosseguir nos próximos dias.
A emissão de vistos iniciada na quarta-feira é considerada essencial para a recuperação económica do território, já que as receitas do jogo representam cerca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) de Macau.
Os visitantes do interior da China são responsáveis pela esmagadora maioria das receitas do jogo, cerca de 90%, representando a província de Guangdong 80% dessas receitas, como explicou à Lusa Ben Lee, analista da consultora de jogo IGamix, em julho.
As restrições fronteiriças instauradas desde fevereiro no território levaram a perdas nos casinos sem precedentes, quase 80% nos primeiros sete meses do ano, segundo os dados mais recentes do Governo, com o PIB a cair 58,2% no primeiro semestre.
Apesar da abertura gradual das fronteiras a cidadãos chineses, as autoridades sublinharam a importância de manter as regras de controlo da pandemia, num território que está há 151 dias sem casos locais e 62 dias sem casos importados, não tendo atualmente nenhum caso ativo.
A Direção de Inspeção e Coordenação de Jogos (DICJ) garantiu em comunicado que continua a conduzir, em conjunto com a Polícia Judiciária (PJ), “uma fiscalização rigorosa nos casinos”, obrigados ao “reforço da limpeza e desinfeção” das instalações e a efetuar “medição da temperatura corporal” dos clientes à entrada, devendo estes ainda apresentar “um código de saúde válido de Macau” e um certificado de resultado negativo do teste de ácido nucleico.
O responsável do Departamento de Inspeção de Jogos de Fortuna ou Azar da DICJ, Vong Chi Fu, alertou na terça-feira as concessionárias do jogo “para que se mantenham atentas às medidas de prevenção de epidemia” e adotem “medidas de triagem para evitar [a] aglomeração de pessoas”, durante uma reunião com os operadores, avisando que basta um caso para que um casino possa ser encerrado.
“A confirmação de qualquer caso de pneumonia de novo tipo de coronavírus nos casinos pode implicar o encerramento do recinto em causa, o que terá um impacto significativo na economia”, alertaram as autoridades, segundo a nota divulgada na quarta-feira.
As concessionárias estão também obrigadas a notificar a PJ ou a DICJ em caso de “entrada nos casinos em violação da lei por qualquer cliente, como a prestação de falsas informações, ou a falsificação de códigos de saúde ou de certificados de teste do ácido nucleico”.
Os infratores arriscam “responsabilidade criminal” por violação da Lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis, sublinha-se na nota.
Três concessionárias (Sociedade de Jogos de Macau, Galaxy e Wynn) e três subconcessionárias (Venetian, MGM e Melco) exploram casinos naquela que é muitas vezes apelidada de Las Vegas da Ásia, mas que há muito ultrapassou as receitas dos casinos registadas naquela cidade norte-americana.
Macau registou 46 casos de covid-19 desde o início da pandemia, no final de janeiro, não tendo registado transmissão comunitária nem contando atualmente com nenhum caso ativo.
Apesar disso, as entradas no território continuam a ser limitadas, com mais um passo para a abertura progressiva da fronteiras dado na quarta-feira, data em que a província chinesa de Guangdong retomou a emissão de vistos turísticos para Macau, suspensos desde o início da pandemia.
Se a situação se mantiver estável em termos de contágios, a China já indicou que planeia autorizar em todo o país a emissão de vistos turísticos para Macau a partir de 23 de setembro.