Num discurso de sete páginas, quatro das quais focadas no novo coronavírus e nas suas consequências, Evaristo Carvalho lembrou que a pandemia “assolou o país como um furacão que era esperado, mas, felizmente, chegou com uma intensidade bastante menor do que se previa”.
O Presidente são-tomense afirmou este domingo que o Governo “conseguiu dar uma resposta satisfatória” à pandemia de covid-19 no país, referindo que as autoridades sanitárias têm enfrentado a doença com “sucesso reconhecido”.
“Gostaria de agradecer profundamente a todos os profissionais que, com coragem e determinação, deram o melhor de si para enfrentar esse inimigo invisível com o sucesso reconhecido”, disse Evaristo Carvalho durante a celebração dos 45 anos da independência de São Tomé e Príncipe.
A cerimónia decorreu no salão nobre do palácio presidencial, limitando as habituais festividades de massa com grupos culturais e desfile das forças vivas do país.
“Pela primeira vez, em 45 anos, celebramos o aniversário da independência nacional de forma limitada, sem atividades de massa e sem mobilização popular. Pela primeira vez, o ato central é realizado num recinto fechado, com menos de três dezenas de participantes.”
Evaristo Carvalho, presidente de São Tomé e Príncipe
Evaristo Carvalho lamentou, contudo, “o sofrimento traduzido em mais de sete centenas de casos e quase uma quinzena de mortes”, um balanço que considerou “significativo” para a dimensão populacional do país.
“Verificámos que a nação como um todo, liderada pelo Governo, sobretudo através do Sistema Nacional de Saúde e dos seus profissionais a todos os níveis, das forças de defesa e segurança, incluindo os bombeiros, dos demais setores da Administração, superando todas as suas insuficiências, conseguiu dar uma resposta satisfatória”, referiu o chefe de Estado.
O Presidente elogiou as várias iniciativas de cidadãos, organizações não-governamentais e igrejas, que, na sua perspetiva, deram “um notável exemplo da sua força e importância fundamental” no combate à propagação da doença.
Evaristo Carvalho referiu-se igualmente à contribuição de empresários nacionais e estrangeiros “para aliviar o sofrimento em vários setores da sociedade”.
O chefe de Estado prestou também homenagem à comunidade internacional pelos apoios ao país, referindo, a nível bilateral, a China, Cuba, Portugal, Gana, Gabão, Guiné-Equatorial, Brasil e, a nível multilateral, as Nações Unidas, em particular a Organização Mundial de Saúde e a Unicef, o Banco Africano de Desenvolvimento, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e a União Europeia.
Foi ainda feita uma “menção muito particular” ao empresário chinês, Jack Ma, da Fundação Ali Babá.
“Confesso que foi extremamente emocionado que vi desfilar na televisão e demais órgãos de comunicação social esses exemplos de solidariedade atuante. Não temos e não teremos nunca palavras bastantes para agradecer a essas pessoas, entidades e organizações”, sublinhou o chefe de Estado.
Evaristo Carvalho alertou ainda que “se nos últimos tempos a epidemia parece estar controlada, o facto é que o número de casos continua a crescer”.
Por isso, considerou ser necessário manter a vigilância, “não baixar a guarda, antes pelo contrário, adotar todas as medidas preventivas e organizativas por parte da população, seguir à risca as orientações das autoridades competentes”.
É fundamental, acrescentou, a população “estar preparada para uma eventual segunda ou até mesmo terceira vaga, que já é referida por muitos especialistas”.