O Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, assinalou hoje os “ganhos imensos” e as “grandes conquistas” de Cabo Verde em 45 anos como independente, mas considerou que “podia e devia” estar mais avançado e ser um “país verdadeiramente desenvolvido”.
Em conferência de imprensa, na cidade da Praia, ilha de Santiago, sobre os 45 anos da independência de Cabo Verde, que se comemoram no domingo, o chefe de Estado disse que se regista hoje uma “diferença assinalável” no país, com muitos ganhos e “grandes conquistas” em vários domínios, como educação, telecomunicações, transportes e o facto de ser um país livre.
“Poderíamos estar mais avançados, seguramente. Deveríamos estar mais avançados, seguramente. Eu tenho a ideia de que Cabo Verde tem condições humanas, sobretudo, e as qualidades da sociedade poderiam potenciar-nos a um nível de desenvolvimento bem superior àquilo que hoje nós temos. Nós poderíamos ser hoje um país verdadeiramente desenvolvido e não um país de rendimento médio”, considerou Jorge Carlos Fonseca.
Apesar de dizer que tem orgulho em Cabo Verde, o Presidente notou que o país poderia ser hoje mais livre, mais democrático, mais justo, mais competitivo e, sobretudo, mais inclusivo e menos desigual, com esses ganhos a serem colhidos por toda a população.
Questionado sobre o que falta para o país ser mais desenvolvido, Jorge Carlos Fonseca apontou que a primeira razão é uma educação de qualidade, de excelência, exigente, mas também mais rigor e mais disciplina em muitas áreas e setores de atividade.
No percurso de 45 anos como país independente, o chefe de Estado lamentou ainda os níveis de violência contra crianças e mulheres, e disse que os níveis de participação das mulheres na política até agora “não são muito encorajadores, [são] insuficientes, pouco satisfatórios e pouco abonatórios” da democracia do país.
Jorge Carlos Fonseca salientou que o que tem travado a ascensão política das mulheres poderá ser preconceitos de género, culturais e outros, observando que a luta pela paridade é de todos, mas deve ser, “sobretudo, das mulheres”.
O Presidente cabo-verdiano abordou ainda a crise atual no país provocada pela pandemia do novo coronavírus, reconhecendo que vai acentuar as desigualdades e assimetrias no arquipélago, pelo que pediu ao Governo uma “atenção particular” à questão social nesta altura.
Por outro lado, disse que o aumento recente de casos da doença no país era previsível e que a situação atual é confortável, mas pediu mais intensidade por parte das autoridades e mais colaboração às pessoas.
A um ano e quatro meses de terminar o segundo mandato como Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca perspetivou características do seu sucessor, dizendo que dever ser um “democrata convicto, militante”, e ser uma personalidade “o mais independente possível”.
Jorge Carlos Fonseca foi eleito em 2011 com apoio do Movimento para a Democracia (MpD), na altura na oposição, mas que agora está no poder, após derrotar, em 2016, o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), que esteve 15 anos no poder.