Início Destaques São precisas medidas mais progressistas para o património de Macau

São precisas medidas mais progressistas para o património de Macau

Carol Law

Este ano assinala-se o 15º aniversário desde que o Centro Histórico de Macau foi designado como Património Mundial pela Organização das Nações Unidas pra a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Ao longo do período valoriza-se cada vez mais a conservação e promoção da herança cultural de Macau. Com a aprovação da “Lei de Salvaguarda do Património Cultural” a população estará agora mais consciente da necessidade de proteger relíquias culturais. Os cidadãos têm consciência da necessidade de conservação do Farol da Guia, da classificação dos Estaleiros Navais de Lai Chi Vun, dos graffitis em paredes com valor cultural, e até do risco de demolição de edifícios como o Hotel Estoril, o qual, embora não tenha recebido classificação, continua a ter importância histórica. Muitos acreditam que ao longo dos próximos anos a cidade deveria adotar uma política de conservação mais progressista. 

“15 anos pode parecer muito tempo, mas na verdade não é”, afirma Wallace O, presidente da Associação dos Embaixadores do Património de Macau. “Isto é especialmente verdade no que diz respeito à conservação de património cultural. O tempo que os edifícios antigos, a cidade e as técnicas usadas para a construção perduraram até chegar aos dias de hoje vai muito além de uns meros 15 anos. Temos de implementar medidas progressistas se queremos que estas sejam eficazes”. Zoe Chan, Vice-presidente da Associação de História Oral de Macau, concorda que o Governo deve aplicar medidas de proteção cultural a longo prazo. “Temos de estar preparados e empenhados a longo prazo, com um plano claro, seguindo-o passo a passo. Há muitas coisas que não podem ser apressadas”.

Governo deve ouvir população
A Associação dos Embaixadores do Património de Macau é uma organização sem fins lucrativos criada por um grupo de jovens de Macau para promover a educação sobre património cultural. O atual presidente, Wallace O, diz que sentiu o impacto da aprovação do centro histórico da cidade como património mundial e mais tarde, em 2012, enquanto estudante universitário, teve oportunidade de compreender melhor e participar na sua promoção da proteção. “Foi quando vi que a Associação dos Embaixadores do Património de Macau estava a recrutar novos embaixadores que considerei pela primeira vez participar e entrar para a organização.”

Ao longo de quase nove anos, Wallace O passou de estudante e membro a presidente da associação. Avaliando os últimos 15 anos, Wallace salienta que as autoridades culturais não só continuaram os trabalhos de conservação de bens imóveis como também iniciaram vários trabalhos relacionados com património imaterial. É inegável o progresso que tanto a população como o Governo têm conseguido ao longo destes 15 anos. Existe agora um consenso geral sobre o valor deste património cultural e a respetiva importância para Macau, diz. Para os próximos 15 anos espera que as autoridades continuem a enfrentar diretamente os problemas que ainda existem. “Especialmente no que diz respeito à conservação de bens imóveis, temos de ouvir as opiniões de vários grupos de preservação cultural, tentando reduzir ao máximo decisões irreversíveis que servirão como exemplo negativo para as próximas gerações. Temos de continuar a promover a importância da conservação do património cultural para que estas relíquias possam ser herdadas”, defende.

Tomar medidas a longo prazo
Zoe Chan, Vice-presidente da Associação de História Oral de Macau, concorda que Macau tem aumentado o investimento na promoção de história e cultura ao longo dos últimos anos, mas entende que há problemas que continuam por resolver. 

“Recentemente tem sido de novo discutido o limite de altura do Farol da Guia. Tanto o Governo como a população devem aproveitar a experiência dos últimos 15 anos. Ao mesmo tempo que continuam a aumentar os recursos direcionados para esta área, devemos continuar a comunicar com os residentes, para que as medidas cheguem ao público e este compreenda verdadeiramente quais os esforços feitos para encontrar o equilíbrio entre o desenvolvimento urbano e a conservação cultural”, diz. 

O dirigente associativo lembra ainda que “no ano passado, o relatório da UNESCO sobre Macau mencionou que a cidade deveria promover uma maior participação da comunidade. Essa é a conclusão daquela organização e de Macau. A comunidade pode servir como uma ponte”.

Formada em história, Zoe Chan acredita que a nível social existem várias comunidades que poderão ter sucesso na candidatura a património mundial, porém assinala que possuem poucos recursos e talentos, sendo ainda menosprezadas por serem uma minoria. 

“Durante os próximos 15 anos várias associações devem prestar mais atenção à divisão de trabalho, algumas atraindo cidadãos, outras em trabalhos de especialização, para que a comunidade possua mais oportunidades de participar na proteção cultural”, defende, concordando que 15 anos “é pouco tempo”.

E conclui: “Este património cultural mundial deve ser transmitido de geração em geração durante os próximos séculos. A nível governamental acredito que é mais importante implementar medidas a longo prazo”. 

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!