Reunidos na Conferência Episcopal de Moçambique entre os passados dias 9 e 13 de junho, os bispos católicos não se esqueceram do que se tem passado em Cabo Delgado, e dedicaram uma mensagem aos “irmãos e irmãs de Cabo Delgado” afectados pelos ataques terroristas e pela crise humanitária, agravada pela pandemia de Covid-19
Na missiva, tal como o PLATAFORMA tem vindo a mostrar nos últimos dias com vídeos e diversos testemunhos, os bispos descrevem um cenário de várias atrocidades praticadas naquela província e que deixam homens, mulheres e crianças com medo, obrigados a procurar refúgio nas matas, sem meios de subsistência.
A igreja católica questiona as razões para os ataques em Cabo Delgado, e reconhece que a população daquela parte do território moçambicano “foi esquecida”. Está muita coisa coisa em jogo em Cabo Delgado, assume. O Governo moçambicano terá a sua quota parte de culpa, uma vez que, entre muitas coisas, atribui causas externas ao conflito” numa tentativa de branquear os altos níveis de pobreza e de desigualdades sociais, acusam os bispos.
Os bispos saúdam ainda o movimento de solidariedade que tem crescido nos últimos tempos como forma de alívio da crise humanitária que afecta mais de 200 mil pessoas e classificam como “desoladoras” as consequências da violência armada com “mortes, incêndios nas aldeias, destruição
de infra-estruturas económicas e sociais, populações assustadas e esfomeadas, famílias em fuga e literalmente confundidas e desorientadas sem saber onde buscar abrigo e protecção”.