Fórum Económico Mundial espera recessão prolongada da economia que pode ir até 18 meses. Contudo, o organismo acredita que a pandemia oferece a possibilidade de investir na construção de sociedades mais coesas, inclusivas e iguais
A Iniciativa Global de Riscos, promovida pelo Fórum Económico Mundial (WEF, na sigla inglesa), traça um futuro económico sombrio perante a pandemia de Covid-19. Contudo, o relatório divulgado ontem conclui que à medida que as economias recomeçam, há uma oportunidade de incorporar maior igualdade e sustentabilidade da sociedade à recuperação, acelerando em vez de atrasar o progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030 e desencadeando uma nova era de prosperidade.
O WEF considera que “a crise oferece uma oportunidade única de moldar um mundo melhor”. Para isso foi preciso “reavaliar coletivamente” a sociedade, criando novas compreensões sobre serviços públicos essenciais, como saúde, educação, assistência e outras redes de segurança. Ainda assim, é esperada “uma recessão prolongada da economia global para os próximos 18 meses.
A solidariedade criada pela pandemia do Covid-19, acredita o WEF, oferece a possibilidade de investir na construção de sociedades mais coesas, inclusivas e iguais. E isso servirá, acredita o Fórum, um estímulo para a implementação de uma agenda ambiental, criando condições para mudanças de comportamento na sociedade, estimulando hábitos de consumo e mobilidade mais sustentáveis. Ainda assim, existe um deficit de investimento em ações climáticas, algo que preocupa o organismo e os investigadores consultados para a feitura deste relatório.
Outro surto de doença infecciosa, pode ler-se no relatório, é a maior preocupação entre os riscos sociais para o mundo. Além dos perigos para a saúde pública, os bloqueios e paralisações pandémicos – atuais e futuros -, podem ter efeitos duradouros sobre as pessoas e sobre as sociedades.
Do ponto de vista empresarial, o relatório plasma as ideias de que “existe uma oportunidade de acelerar uma transformação em direção a modelos operacionais mais sustentáveis e digitais”, aumentando, dessa forma, a produtividade.
É provável, refere o WEF, que um acúmulo de dívida sobrecarregue os orçamentos governamentais e os saldos corporativos por muitos anos. As relações económicas globais deverão ser reformuladas e as economias emergentes correm o risco de mergulhar numa crise mais profunda.
No entanto, o objetivo do relatório passa por aumentar a conscientização e desencadear um debate oportuno à medida que governos e empresas planeiam medidas pós-bloqueio provocado pela Covid-19. É essencial, refere o documento, uma contínua colaboração entre os setores público e privado, no sentido de resolver alguns dos desafios mais urgentes associados à pandemia.
O Fórum Económico Mundial, garante, usará o seu papel exclusivo como para apoiar a recuperação e transformação global, através de comunidades e plataformas orientadas a propósitos para insights e ações, com base em seus 50 anos de compromisso para impulsionar o progresso através de participação múltipla cooperação.
Populações em 120 países e regiões foram submetidas a bloqueios para controlar o novo coronavírus e impedir que os sistemas de saúde fiquem sobrecarregados, o que nem sempre foi fácil. O confinamento tem vindo a desencadear “uma crise económica com terríveis consequências sociais”, afetando as vidas e os meios de subsistência da maioria da população global: “500 milhões de pessoas correm o risco de cair na pobreza”. A crise, na verdade, refere a WEF expôs deficiências fundamentais na preparação paras pandemias, redes de segurança socioeconómica e cooperação global. Por isso, acredita o Fórum, “é vital antecipar os riscos emergentes gerados pelas repercussões da pandemia”.
Foram identificadas as falências e a consolidação do setor empresarial, o fracasso das indústrias em se recuperar e uma rutura nas cadeias de suprimentos como preocupações cruciais. A terceira situação mais preocupante para as empresas é o aumento de ataques cibernéticos, bem como o colapso da infraestrutura e das redes de TI.
O documento agora apresentado compila as opiniões de quase 350 profissionais de risco que participaram na pesquisa sobre a Covid-19 e foram convidados a avaliar 31 riscos em três dimensões: o mais provável para o mundo, o mais preocupante para o mundo e o mais preocupante para empresas.