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É Difícil Ajudar os EUA Nesta Epidemia

Lembro-me de o antigo presidente norte-americano Barack Obama partilhar abertamente em frente a representantes de 23 países na Cimeira de Shangrila que a China tem 1,3 mil milhões de pessoas e que, assim sendo, quanto mais o país cresce menos deixa para a restante população, existindo um limite para os recursos globais. Ou seja, para continuar a seguir o atual estilo de vida, é necessário conter o desenvolvimento da China. Esta é a atitude americana em relação à China. A maioria dos políticos americanos não se importa com o país, e por isso já repetidamente disse abertamente em conferências internacionais que o veem como uma ameaça. 

Agora que o surto está a atingir os EUA e as doações de produtos médicos por Jack Ma e pela Huawei foram recebidas com críticas, é normal que exista alguma discussão sobre se o Governo chinês deve ou não auxiliar os EUA nesta luta contra a epidemia. Um exemplo disso mesmo foi a recusa do epidemiologista Zhong Nanshan viajar para os EUA para partilhar conhecimento sobre a epidemia, visto que a ajuda chinesa parece nunca resultar em gratidão americana. A China não é um país pequeno, a história fez a respetiva escolha. O país nunca teve vontade de dominar o mundo, mas face a mais de 30 anos de luta contra os EUA a impedir o seu desenvolvimento, a China, com uma história de mais de 5.000 anos e uma população de 1,3 mil milhões, tem de lutar pela felicidade. Nunca procurou hegemonia, mas os EUA empurraram a China para esta posição, sendo agora a sua obrigação lutar. Neste momento a China já não precisa de se preocupar com aviões militares americanos a sobrevoar o rio Yalu ou a entrar no espaço aéreo e a largar bombas sobre a sua embaixada na Jugoslávia, como fizeram há 20 anos atrás. Trata-se de 30 anos de acumulação de dor do lado chinês. Se os EUA se mostrassem gratos, e para que o Ocidente merecesse ser elogiado, não seriam precisas doações de máscaras e ventiladores, nem de ajuda chinesa, seria preciso sim que parassem de tentar impedir o desenvolvimento chinês. 

Simpatia barata, que não irá receber gratidão de volta, apenas irá criar mais insultos. Uma nação que não saiba estar agradecida não tem futuro, tal como uma população que não saiba o que é vingança. Devemos pagar o preço dos nossos erros, essa é a lei da história, não o podemos negar. Se a China auxiliar os EUA, estará a dizer ao resto do mundo que não tem princípios, perdendo os seus verdadeiros aliados internacionais. 

DAVID CHAN 09.04.2020

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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