A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) avisou que a rentabilidade das reservas financeiras em 2020 pode ser afetada pela pressão nos mercados de ações, devido ao surto do novo coronavírus e às incertezas externas.
“Prevê-se uma pressão significativa dos mercados de ações onde as avaliações de ativos já são altas”, sublinhou em comunicado a AMCM, no mesmo dia em que anunciou que a região registou uma reserva financeira de 579,4 mil milhões de patacas, no final de 2019, mais 13,9 por cento do que o registado em 2018.
Entretanto, mais um grupo que representa cerca de 2.400 pequenas e médias empresas pediu apoio ao Governo, face à crise desencadeada pelo coronavírus. A notícia foi avançada pelo deputado José Pereira Coutinho, que defende que é preciso mais do que as medidas de apoio já anunciadas pelo Executivo, e pede políticas “rápidas e efetivas” como “a concessão de subsídios a fundo perdido”.
Uma das medidas do Governo para dar resposta às dificuldades causadas pelo novo coronavírus foi a antecipação das contribuições pecuniárias para 2020, que serão distribuídas a 1 de abril. O plano de comparticipação vai custar ao Governo 7,1 mil milhões de patacas.
Este é um do vários apoios que o Governo aplicou para responder à crise evidente, por exemplo, na ocupação hoteleira que foi de 11,8 por cento na semana passada, quando antes do Covid-19, Macau acolhia três milhões de visitantes mensais e em 2019 teve uma ocupação média de 90 por cento. De acordo com dados oficiais, neste momento Macau acolhe pouco mais de quatro mil visitantes diários.
Esta semana, o Governo anunciou também que mais um paciente teve alta. Dos dez infetados com Covid-19, sete saíram do hospital. Macau soma já mais de 20 dias sem novos casos. Ainda assim, as autoridades continuam cautelosas, e a apelar aos residentes para evitarem saídas e concentrações em espaços públicos.
Ao contrário de Hong Kong, que já adiou o regresso às aulas para, no mínimo, 20 de abril, os Serviços de Educação e Juventude continuam sem dar indicações sobre a reabertura das escolas. Na reunião com os deputados, o Governo assegurou que os encarregados de educação vão ser avisados com duas semanas de antecedência.
As autoridades deram conta também que trabalhadores de casinos voltaram a queixar-se de falta de condições nalguns espaços de jogo. A falta de máscaras numa das operadoras, a elevada concentração de jogadores em mesas e a ausência de desinfeção das fichas de jogo são parte das queixas reportadas. As autoridades garantiram já ter tomado medidas.
Alta tensão
Sobre os residentes que se encontram na província de Hubei – onde surgiu o vírus -, o Governo diz não ter capacidade para retirar os mais de 100 locais retidos, mas garantiu que, caso a operação se concretize, as crianças com menos de três anos não vão ser retiradas. A prioridade, frisaram as autoridades, é assegurar o regresso de quem representa menos riscos de contágio.
Entre os residentes que estão em Hubei, há, pelo menos, um bebé doente. Em entrevista ao Ponto Final, a mãe diz que a criança, com seis meses, está em estado grave, com febre, erupções cutâneas e problemas nos ouvidos e queixa-se de falta de medicamentos e de leite em pó.
Há ainda outras crianças que, num eventual regresso, podem vir a ser separadas da família porque os pais não são residentes e, por isso, estão obrigados a cumprir a quarentena de 14 dias em Zhuhai, antes de serem autorizados a entrar em Macau (VER CAIXA).
Hubei é uma das zonas na lista de áreas de elevado risco epidémico para a qual entrou há dias um novo território: a Coreia do Sul. Os Serviços de Saúde explicaram que os residentes que tenham estado no país nas últimas duas semanas e queiram voltar podem optar por cumprir o período de quarentena de 14 dias em casa. Já turistas e não residentes vão ser sujeitos a isolamento num hotel a designar pelos Serviços, pago pelos visados.
O organismo alertou ainda que haverá consequências para quem violar o período de isolamento em casa, como a imposição de quarentena obrigatória e até mesmo responsabilidades criminais.
Redação Plataforma
Novas regras COVID-19
Trabalhadores Não Residentes/Turistas
Ao PLATAFORMA, os Serviços de Saúde explicam que os trabalhadores não residentes e os turistas que venham de zonas consideradas de risco epidémico na China continental ou outros territórios, e que entrarem por Zhuhai são obrigados a fazer quarentena na cidade se quiserem ficar. Essas pessoas, acrescentam, têm de contactar as autoridades sanitárias de Zhuhai para fazerem voluntariamente um período de avaliação médica nas unidades de referência indicadas. “Depois receberão um certificado de saúde e são reencaminhadas por um veículo especial por um canal especial até Macau”, referem os serviços. As unidades de referência foram escolhidas em conjunto pelos Governos de Macau e de Zhuhai. “Pode dizer-se que são hotéis, unidades de alojamento. Não estamos, nem vamos dar os nomes”, vincam. Os trabalhadores e turistas pagam 7600 yuan pelos 14 dias de quarentena num quarto para uma pessoa, e 4660 yuan num quarto para duas.
Já os trabalhadores não residentes e turistas que entrem por outra fronteira – ponte, terminal ou aeroporto – e venham da China continental ou de outro centro considerado de risco epidémico fazem a quarentena em Macau, na Pousada Marina Infante durante 14 dias. O custo é de 5600 patacas pelos 14 dias. A Coreia do Sul foi o último país a entrar na lista de locais de risco epidémico que vai sendo atualizada pelo Governo. Antes da quarentena, e caso venham de zonas de risco, todos são enviados aos postos de exame do Campo dos operários da Associação Geral dos Operários de Macau ou do Terminal Marítimo de Passageiros da Taipa para exames médicos. Em ambos os sitios as pessoas são vistas por um m´edico e uma enfermeira, que os vai avaliar e despistar durante 6 a 8 horas.
Residentes
Para os residentes, as regras são diferentes. “Os que venham dessas zonas são avaliados clinicamente e levados para o hospital se apresentarem sintomas, e depois é a equipa médica que vai decidir o que lhes acontece”, explicam os Serviços de Saúde. Os residentes, ressalvam, são obrigados a uma avaliação médica. “Se vierem das zonas epidémicas, são convidados muito provavelmente a irem para a Pousada Marina Infante cumprirem a quarentena. Se apresentarem sintomas ficam em isolamento.” Os locais não pagam as despesas de quarentena.
Catarina Brites Soares 28.02.2020