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O que fazem em Lisboa as startups de Macau?

Clara Brito, Wini Cheong e Athena Choi estão a estudar negócios no mercado português. Fazem planos que ligam Macau, China e Portugal. 

Portugal está nos planos de alguns dos novos negócios de Macau. As startups apoiadas no programa de intercâmbio do Governo que coloca jovens empresários no espaço de coworking de Lisboa Second Home e oferece mentoria pela Fábrica de Startups, a funcionar desde janeiro, aproveitam a oportunidade para pôr em marcha projetos que reduzem os mais de 10 mil quilómetros de distância que separam a região do país que os acolhe temporariamente. 

O programa permite passar até três meses, prorrogáveis, em formação e desenvolvimento de planos de negócios na capital portuguesa. É uma das vertentes das medidas de apoio a jovens empreendedores que, até junho deste ano, disponibiliza mais de 23 milhões em financiamento a 106 projetos – a maior parte, na área de comércio a retalho, segundo os dados dos Serviços de Economia.

Clara Brito, designer de moda com uma experiência de mais de uma década com a marca Lines Lab na Ásia tem um dos projetos apoiados ao abrigo do programa que financia os primeiros passos na inovação empresarial com um período de permanência em Lisboa. O plano é desenvolver a marca Mun Hub, criada em 2014, como plataforma de agenciamento do design de moda português e de outros pontos da lusofonia para os mercados asiáticos, e de alguns produtos de Macau para o mercado português.

A ideia, explica a designer e empresária, “é aproveitar o património que temos com a Lines Lab, que esteve muito dedicada a Macau, mas que também explorou muito a Ásia”. Parte também da experiência do evento Macau Fashion Link, iniciado em 2011.

Ao longo dos anos, Clara Brito desenvolveu ligações a feiras, eventos e compradores nos mercados próximos de Macau. Agora, trata-se de “pensar como podemos transferir essa experiência para outras marcas, nomeadamente, portuguesas ou do universo lusófono, que tenham interesse em explorar esta zona do mundo”. 

Mas o projeto passa também por fazer o caminho inverso a partir de Macau: “pensar em designers que estão interessados em chegar a Lisboa”. “Já faz sentido ser exportado algum do conteúdo que existe na cidade, apesar de haver sempre desafios”, diz.

Para o arranque, o caminho é digital e de promoção das marcas em alguns eventos, como pop-up shops. “Neste momento é mais uma fase de ‘brand awareness’ ou até de ‘country awareness’”, explica. Mais à frente, a Mun Hub poderá dar o passo seguinte para o comércio online.

Athena Choi, que assina Potinja como designer, trabalha também na área da moda. No início deste ano criou a Goddess Armour, marca de lingerie, fatos de banho e malas, vocacionada para um mercado de luxo e inspirada no sucesso da Victoria’s Secret. No historial tem um desfile em Macau e uma produção que, por enquanto, não está a ser comercializada. Mas o plano é entrar brevemente no retalho. A porta será Lisboa, onde quer localizar o seu negócio.

A temporada em Portugal serve para procurar, no norte do país, quem produza as peças que desenha em quantidade, e um espaço comercial.

“O meu projeto é ter design de Macau e produzir as peças em Portugal, uma vez que há muito boas relações e apoio do Governo”, diz a designer que, por trás , tem já alguns investidores também. “Quero aplicar o dinheiro em Lisboa, onde espero encontrar uma loja num centro comercial. Quero ter a minha primeira loja física em Lisboa”, conta a antiga relações públicas que na capital portuguesa descobriu também uma parceria para o seu projeto.

Winni Cheong está há ano e meio dedicada a tempo inteiro ao negócio de organização de casamentos com a empresa La Maison de Marriage. No espaço Second Home encontrou Athena Choi, com quem pensa agora organizar eventos em conjunto, mas, sobretudo, pôr em marcha o plano de colocar Lisboa no mapa dos ‘destination weddings’ para casais de Macau e Hong Kong.

“Há uma diferença cultural grande, mas o local é muito bonito para as sessões fotográficas. É muito autêntico. Estou aqui para contactar fornecedores, hotéis, e à procura de colaborações para trazer pessoas de Macau ou de Hong Kong para que venham aqui para o seu ‘destination wedding’. É um local especial”, explica. 

As viagens de casamento ou para sessões fotográficas são um elemento cada vez mais popular, sobretudo para casais de países de origem diferentes. Em Macau, onde estabeleceu parcerias com uma rede importante de hotéis depois de ter trabalhado por vários anos no sector, Winni Cheong realiza 20 a 30 eventos por ano. “O negócio está a crescer muito”, diz.

“A nossa clientela é de Xangai, Taiwan, Estados Unidos, Canadá, Austrália. A maioria é-me referida por hotéis. Somos os únicos organizadores de casamentos com relações próximas com a maior parte dos hotéis de cinco estrelas de Macau”, refere. 

Nas habituais fotografias pré-casamento, os casais tendem a escolher destinos como “Praga, cidades de Itália, de França, Okinawa no Japão, a Coreia do Sul”. Lisboa não é considerada por enquanto, mas para Winni Cheong está agora mais perto de deixar de ser longe demais.

Maria Caetano 20.07.2018 

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