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Podemos pensar em ter mais estudantes internacionais

Com a extensão para o antigo campus da Universidade de Macau, o Instituto de Formação Turística (IFT) ganha margem para crescer. Em entrevista ao PLATAFORMA, a vice-presidente, Florence Ian, afirma que a existência de mais espaço na nova residência universitária torna mais fácil apostar na internacionalização, duplicando o número de alunos estrangeiro a estudar no IFT.
A procura de cursos veiculados em português é crescente e há planos para se reforçarem os laços com as universidades de países lusófonos

 

– O novo campus implica uma grande mudança para o IFT?
Florence Ian – Não é uma verdadeira mudança. Tratará recursos adicionais, especialmente no que toca ao espaço e, por isso, podemos fazer mais do que dantes.

– Daqui a dois anos, altura em que estará concluída a transferência de todos os alunos para o novo campus, o que continuará o IFT a ter em Mong Há?
F.I. – Vamos manter o hotel e a cozinha educacionais. Esta escola vai servir sobretudo para formação profissional e vocacional. No campus novo, não há restaurantes nem cozinhas, mas haverá mais um hotel educacional. Daqui a dois ou três anos, podemos esperar que todas as licenciaturas se encontrem no novo campus.
Ali, além do IFT, está o Instituto Politécnico de Macau e a Universidade Cidade de Macau. Haverá, por isso, uma espécie de cruzamento entre instituições, o que também é bom para os nossos alunos.

– Haverá algum tipo de cooperação com as outras instituições?
F.I. – Sim. É uma coisa nova, uma espécie de mini-universidade. Já temos um grupo de trabalho para tomar conta do novo campus, nomeadamente no que toca ao tráfego, manutenção, limpeza, segurança. Há coordenação regular, através do GAES [Gabinete de Apoio ao Ensino Superior], a vários níveis.
Teremos uma reunião com a Direção dos Serviços para os Assuntos do Tráfego, para reforçar a segurança. Há muito trânsito no campus, e isso também é a nossa preocupação.

– Sei que há problemas em garantir lugares para todos os estabelecimentos e serviços que ali estarão sediados. Há espaço para todos?
F.I. – No caso do IFT, temos perto de 40 lugares por baixo do edifício da biblioteca, bem como alguns lugares no edifício East Asia Hall. Acredito que nestes dois anos — antes que os alunos do primeiro e segundo anos se transfiram para o novo campus — estamos bem.

– O que irá acontecer quando todos os alunos e funcionários se transferirem para lá?
F.I. – Vamos precisar de mais [lugares de estacionamento]. Por agora estamos bem, mas, nos próximos dois ou três anos, isso poderá ser um problema. Entretanto, temos tempo para pensar numa solução melhor. Além disso, o IFT é um campus verde, podemos  encorajar os funcionários a usar transportes públicos.

– No passado, o IFT tinha dificuldades em expandir-se, devido a limitações de espaço. Este campus novo soluciona esses problemas?
F.I. – Vamos ter algum espaço adicional, mas não esqueçamos que vamos devolver o nosso espaço arrendado. Mas, claro, teremos melhores condições para os nossos alunos. Teremos 700 camas para estudantes, por isso, podemos pensar em ter mais alunos internacionais. É essa a estratégia do IFT. Agora, por limitações de espaço, apenas podemos ter 30.

– Com as camas adicionais, quantos estudantes internacionais espera ter?
F.I. – Conto ter perto de 60. Além disso, sei que há grande procura de formação à noite. Atualmente, temos o curso de gestão hoteleira e de eventos turísticos à noite, mas no próximo ano letivo, queremos introduzir o marketing de turismo de retalho à noite. Os estudantes podem completar bloco a bloco. E, se por algum motivo, não conseguirem terminar um curso a tempo, podem fazê-lo mais tarde.
Neste momento, temos perto de 12 cursos e, durante o dia, esse número mantém-se mais ou menos igual, mas à noite vamos aumentar [o atual número].
Em Outubro, decorreu um Fórum de Economia do Turismo Global, em que o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, assinou um memorando de entendimento para estabelecer em Macau um Centro de Pesquisa de Economia de Turismo Global. Depois de o centro estar estabelecido, o IFT e a Organização Mundial do Turismo [OMT] vão trabalhar em conjunto. Teremos mais cursos e outro tipo de cursos. Agora, quando os membros regionais cá vierem, temos espaço para alojá-los.

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– Quando espera que o centro esteja estabelecido aconteça?
F.I. – Espero que aconteça algures neste ano.

– Que tipo de formação irá oferecer?
F.I. – Este centro terá cursos e programas de turismo; em segundo lugar, terá investigação e, em terceiro lugar, trará oportunidades de estágio. Assim, também iremos aumentar as competências dos locais. O centro irá atrair representantes seniores a Macau e isto é uma boa oportunidade que venham a conhecer mais Macau. Queremos convidar mais pessoas a vir, através do centro. Além disso, queremos mandar os nossos estudantes para fora.

– Neste momento, com que países coopera o IFT?
F.I. – Estamos em 22 cidades e países, e 97 universidades. Algumas são mais ativas; outras estão apenas no papel. O IFT quer investir mais recursos, de forma a tornar-se mais internacional. A indústria do turismo é internacional; por isso, precisamos de dar mais oportunidades aos nossos estudantes. Queremos dar-lhes oportunidades para estudar no estrangeiro — temos acordos com mais de 400 instituições. Em segundo lugar, queremos convidar estudantes internacionais a vir até cá.

– Estes recursos adicionais são suficientes para as necessidades do IFT?
F.I. – Se nos derem mais recursos, faremos mais para justificar o uso de recursos públicos. Estamos confiantes de que, se nos derem mais, faremos melhor. Nesta fase, queremos consolidar o que temos, queremos mostrar o resultado ao governo e ao público.

– Falou em duplicar o número de estudantes internacionais. E, no que toca ao número geral de alunos, também pretende duplicar?
F.I. – Nos próximos anos, esperamos estabilizar o que temos. Além da cooperação com a OMT, que começou há mais de dez anos, o governo também nos pediu para providenciar formação em Guangdong.

– O IFT vai abrir novos cursos nos próximos dois anos?
F.I. – O IFT tem-se desenvolvido horizontalmente, no nível da licenciatura. Mas, no que toca aos nossos programas, estamos à espera da aprovação da lei do ensino superior; se esta lei sair, podemos oferecer cursos ao nível da pós-licenciatura. Já fizemos o planeamento e temos, por exemplo, um programa do mestrado em gestão hospitaleira. Claro que agora já está ultrapassado, mas continuamos à espera [da lei].

– No que toca à internacionalização, qual é a estratégia a seguir?
F.I. – Queremos fazer mais com os países lusófonos. No IFT, todos precisam de uma língua obrigatória e temos vindo a ver mais alunos interessados em aprender Português. A Escola de Turismo e Indústria Hoteleira está a trabalhar em cursos de curta duração, em Português. Todas as universidades estão coordenadas, não competimos. Não queremos duplicar recursos, especialmente no que toca às instituições públicas.
Vamos continuar a estabelecer e reforçar a cooperação com as instituições de Portugal.

Luciana Leitão

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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