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Guangdong e as melhores cidades para se investir

O think-thank Demand Institute desenhou um novo mapa da evoluНЛo do consumo das famТlias chinesas.

Mais de um quinto das cidades com maiores perspetivas de crescimento do consumo estão localizadas na província de Guangdong, indica um estudo publicado pelo think-tank norteamericano Demand Institute. O documento questiona as convenções usadas pelas multinacionais estrangeiras nas estratégias adoptadas na China e propõe um novo mapa onde apenas 40 cidades do país são vistas como apostas viáveis para novos investimentos. “No More Tiers: Navigating the Future of Consumer Demand Across China’s Cities” questiona também as projecções de crescimento que têm vindo a ser veiculadas pelos analistas.

O think-tank dos Estados Unidos, na dependência da organização Conference Board, vê o PIB chinês a crescer a uma média de apenas 4,5 por cento até 2020, e a um ritmo de apenas 3,7 por cento nos cinco anos seguintes. Tem por base o pressuposto de que o Governo chinês se mostrará incapaz de conduzir as reformas necessárias à transformação do modelo económico do país.

“Em vez de reformas de mercado, assistimos a uma variedade de altas políticas que provavelmente conduzirá a investimento mais ineficiente”, defendem os autores do estudo. Em causa, os programas das novas rotas da seda, Made in China 2025, e criação de clusters, que o Demand Institute considera insuficientes para gerirem os problemas de excesso de capacidade industrial e desequilíbrio fiscal.

Mas mesmo perante um cenário de abrandamento acima das expectativas, a moderação do consumo será menos acentuada, acredita o think-tank. Até 2025, diz, o consumo das famílias chinesas deverá crescer a um ritmo médio de 5,2 por cento, oferecendo oportunidades às grandes empresas e multinacionais de capitais estrangeiros que queiram investir.

A questão, no entanto, está em mudar as estratégias habituais de abordagem ao mercado do país. O Demand Institute rejeita a classificação oficial chinesa – de cidades de nível 1 a 4 – que tem vindo a ser utilizada para orientar as empresas. Esta, diz, reflecte muitas vezes considerações administrativas sem relevância comercial.

Reconfigurando o mapa para os investidores, o think-tank cria 11 novas categorias para classificar as cidades chinesas segundo critérios como rendimentos per capita, taxa de penetração da Internet e nível actual de consumo. E recomenda apenas como viável o investimento nas três categorias de topo, que agregam 40 cidades de cerca de 300 analisadas.

No topo do ranking estão as super-cidades – ao todo seis, duas delas em Guangdong. São Pequim, Chongqing, Cantão, Shenzen, Xangai e Tianjin, que em conjunto deverão em dez anos representar 13 por cento do consumo doméstico do país. Têm também o PIB per capita mais elevado a nível nacional (97.400 yuan) e um peso de 58 por cento do sector dos serviços na economia. Mas, apesar dos rendimentos mais elevados – e também maior acesso à Internet e nível de consumo (4068 dólares por ano por indivíduo) –, apresentam uma desvantagem, sobretudo, para as empresas que querem impor uma nova marca no mercado: a forte concorrência.

As melhores oportunidades, acredita o Demand Institute, estão nos segundo e terceiro escalão. São cidades afluentes, como Dongguan e Foshan, e cidadessatélite destas, como Huizhou, Jiangmen, Shantou, Zhongshan e Zhuhai, usando como exemplo as cidades de Guandong. A província adjacente a Macau apresenta nove das 40 melhores oportunidades de investimento, segundo o Demand Institute.

O que o think-tank sugere é que os investidores poderão procurar zonas urbanas com menor nível de concorrência que as super-cidades e com margens para crescimento do consumo elevadas (de 32 por cento no caso das cidades afluentes e de 56 por cento no caso das cidades-satélite).

Para ganhar escala em face de populações menores, deverão combinar investimentos simultâneos na segunda e terceira categorias de cidades do estudo. Cidades afluentes como Dongguan e Foshan apresentam como vantagens terem boas redes de transportes e os seus consumidores estarem já familiarizados com um número considerável de marcas estrangeiras.

As cidades-satélite, na periferia das afluentes, têm igualmente boas redes de transportes e indústrias de serviços relativamente desenvolvidas, com a vantagem de o imobiliário ser tendencialmente mais barato – deixando assim mais rendimento disponível para o consumo das famílias.

“A narrativa que prevalece de que as empresas devem mudar-se para as cidades de nível 3 e 4 no sistema oficial de classificação da China é enganadora, tal como a ideia de que as empresas devem estar presentes em todo o lado para permanecerem competitivas. Uma histórias de crescimento de sucesso terá de ser muito mais selectiva”, defende o estudo.

O Demand Institute afirma que as empresas devem procurar sim implantar-se junto de grupos de consumidores e não cidades, questionando a ideia de um movimento de convergência constante em que as cidades com menores rendimentos se aproximarão das mais ricas.

“Algumas cidades vão estimular as indústrias e empresas que serão condutoras da próxima fase de crescimento, enquanto outras – as futuras Detroit da China – ficarão para trás”, prevê.

O estudo questiona também a ideia de que o investimento deve seguir a classe média, de definição é difícil e que não equivale necessariamente a uma maior disponibilidade para gastar.

O think-tank identifica antes aquilo que define como “consumidor envolvido”: indivíduos com dinheiro para gastar além das necessidades básicas, acesso à Internet e informação sobre produtos – e rendimentos não necessariamente muito elevados. Mais importante, defende, é a imersão numa cultura de consumo marcada por características como a troca de opiniões sobre diferentes marcas ou partilha de críticas a produtos nas redes sociais.

Segundo o Demand Institute, este grupo é hoje constituído por 368 milhões de pessoas na China, devendo aumentar para 590 milhões em 2025. Está distribuído um pouco por todo o país, mas a sua concentração é maior nos três primeiros escalões de cidades identificados no estudo (33 a 38 por cento das populações).

Maria Caetano

27 de Novembro 2015

 

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