OPOSIÇÃO INDIANA PEDE INVESTIGAÇÃO ÀS OBRAS DOS JOGOS DA LUSOFONIA - Plataforma Media

OPOSIÇÃO INDIANA PEDE INVESTIGAÇÃO ÀS OBRAS DOS JOGOS DA LUSOFONIA

 

O Partido Nacionalista do Congresso indiano reclama uma investigação independente à qualidade das infraestruturas desportivas construídas em Goa para os Jogos da Lusofonia por suspeitas de corrupção.

 

Os estádios e outras infraestruturas desportivas construídas em Goa para a 3.ª edição dos Jogos da Lusofonia, que tiveram lugar em janeiro, apresentam uma “qualidade suspeita” e o Partido Nacionalista do Congresso (NCP, na sigla inglesa), da oposição, exige que a situação seja averiguada através de uma investigação independente, disse ao Plataforma Macau o vice-presidente e porta-voz da formação política naquele Estado indiano, Trajano D’ Mello.

“Uma vez que as infraestruturas criadas para os Jogos da Lusofonia estão a revelar sinais de deterioração poucos meses depois [da sua inauguração], suspeitamos que a sua qualidade foi comprometida e, como tal, poderá ter havido corrupção, por isso pedimos uma investigação”, sustentou.

Para o NCP, a qualidade das construções “é muito suspeita” e Trajano D’ Mello diz haver, por exemplo, “um estádio, onde o primeiro-ministro discursou, que registava infiltrações no telhado”, bem como outros com “assentos arrancados e rachas no exterior”.

A alegada deterioração das instalações desportivas inauguradas há apenas seis meses leva o partido, que não tem atualmente deputados eleitos na Assembleia de Goa, mas que está representado no parlamento indiano, a questionar a qualidade dessas construções e a considerar que “só uma investigação revelará a verdade”. Por isso, apela à realização de um inquérito por uma entidade independente.

Segundo o seu porta-voz local, a “autoridade que se apresenta como a mais adequada” para levar a cabo tal tarefa é a Agência Central de Investigação indiana (CBI, na sigla inglesa), até porque “está em causa muito dinheiro”.

Os Jogos da Lusofonia implicaram um investimento por parte do Governo de Goa de mais de 30 milhões de dólares.

 

ESTÁDIOS AO ABANDONO

O vice-presidente do NCP em Goa salienta que a organização dos Jogos da Lusofonia no Estado indiano gerou uma grande expetativa entre a população local de que ficaria com novas instalações desportivas ao seu dispor e lamenta, por isso, que as mesmas ainda não tenham sido abertas ao público.

“A população de Goa ficou satisfeita com a realização dos Jogos no Estado, mas tratava-se, de certo modo, de uma satisfação egoísta, no sentido em que foram construídas várias infraestruturas para serem utilizadas depois pelas pessoas, mas elas estão fechadas desde o evento”, lamentou.

Ao reiterar que “o que de bom aconteceu a Goa com os Jogos da Lusofonia foi a construção de estádios e outras infraestruturas desportivas”, Trajano D´Mello defende que a “população deveria estar a beneficar delas”, criticando o facto de o Governo ainda não ter aberto as suas portas aos goeses que praticam desporto.

“Essas infraestruturas não foram feitas para serem peças de arte num museu, foram feitas para serem utilizadas, por isso queremos que sejam abertas para as pessoas de Goa que praticam desporto”, concluiu o porta-voz do NCP naquele Estado indiano.

A construção dos recintos desportivos para os Jogos da Lusofonia em Goa sofreram atrasos significativos, tendo surgido o receio de que o evento tivesse de ser cancelado. A 3.ª edição dos Jogos acabou por realizar-se entre 18 e 29 de janeiro com a participação de mais de 1500 atletas de 12 territórios – Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde, Timor-Leste, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau, Goa (Índia), Macau (China), Moçambique, São Tomé e Príncipe e Sri Lanka. Nove modalidades estiveram em competição, nomeadamente atletismo, basquetebol, voleibol de praia, voleibol, futebol, ténis de mesa, judo, taekwondo e wushu, e a Índia foi o país que conquistou o maior número de medalhas no evento.

A próxima edição dos Jogos da Lusofonia terá lugar em Moçambique, em 2017. Este evento é promovido pela Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa (ACOLOP), que representa os atletas dos comités olímpicos dos países-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e de nações com comunidades lusófonas expressivas ou com passado histórico multissecular comum com Portugal.

Patrícia Neves

Assine nossa Newsletter