Luanda quer reduzir drasticamente a importação de peixe, aproveitando o seu potencial de pesca
O continente africano, em especial Angola, tem condições climáticas e recursos hídricos para aumentar a produção pesqueira, considerou esta semana, em Luanda, a ministra das Pescas Victória Barros Neto.
A ministra, que falava à imprensa, no âmbito da visita ao Porto Pesqueiro de Luanda do seu homólogo da Namibia, Bernhard Esau, o trabalho conjunto entre os dois países no sector pesqueiro é de extrema importância para pesca marítima.
Victória Barros Neto defendeu a importância de um trabalho conjunto, para o desenvolvimento da aquicultura, com vista a aumentar a produção de pescado e reduzir consideravelmente a importação. Disse que Angola e a Namíbia partilham uma longa costa e assim como a Corrente Fria de Benguela, por este motivo a cooperação entre os dois países vai permitir uma melhor gestão dos recursos marinhos.
De acordo com a ministra, a fiscalização no sector das pescas é um assunto indispensável para uma melhor gestão dos ecossistemas marinhos. Considerou que os resultados do executivo na preservação do carapau estão a ser cada vez mais animadores.
Segundo disse, a visita do ministro namibiano das Pescas ao navio angolano de fiscalização (Zinga Mbandi) visou essencialmente ter contacto directo e receber explicações do seu funcionamento e da importância do meio no combate às infracções na costa entre os dois países. “A pesca não declarada, irregular ou mesmo não autorizada é hoje um grande motivo de preocupação de muitos países e Angola não foge à regra”, considerou a ministra angolana.
O ministro das Pescas da Namíbia, Bernhard Esau, disse que o barco angolano de fiscalização pesqueira é um meio importante para o sector.
ACTUALIZADOS DADOS SOBRE ÁREAS PROTEGIDAS E SENSÍVEIS
Entretanto, um estudo para identificação de zonas protegidas e de áreas sensíveis à pesca está a ser feito ao longo da costa angolana, para atualizar as informações disponíveis e definir programas de conservação do ecossistema marinho. O pocesso foi revelado pelo ambientalista Vladimir Russo, que participa do estudo, adiantando tratar-se de uma medida enquadrada no plano de ordenamento da orla costeira de Angola, que está a ser acompanhado por técnicos de distintos ministérios.Sem mencionar a data do arranque do estudo nem a previsão do seu termo, o ambientalista acrescentou que a Lei dos Recursos Biológicos Aquáticos e a Estratégia e Plano de Acção para a Biodiversidade oferecem protecção a estes ecossistemas. Vladimir Russo fez saber que grande parte das acções lesivas aos ecossistemas aquáticos e espécies que neles habitam resultam da pesca e do recurso a artefactos e técnicas não permitidas. A esse respeito, adiantou que a poluição marinha resultante do despejo no mar de resíduos sólidos e materiais poluentes como óleos e lubrificantes, a aceleração da erosão costeira como resultado de dragagem constituem igualmente acções humanas lesivas aos ecossistemas marinhos.
O ambientalistas citou igualmente a extracção de areias e outros inertes, corte de mangais, implantação de infra-estruturas em áreas sensíveis e a utilização do mar como depósito de lixo pelos navios de pesca como outros factores que danificam o ecossistema marinho.