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Governo francês sobrevive a duas moções de censura e Lecornu mantém-se no cargo

À saída da Assembleia Nacional, o primeiro-ministro francês disse que iria voltar “ao trabalho”, deslocando-se a pé até à sua residência oficial em Matignon

O primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, ultrapassou esta quinta-feira a segunda moção de censura apresentada pela extrema-direita União Nacional (RN) e amplamente rejeitada pelos deputados na Assembleia Nacional, mantendo-se no cargo.

Esta moção, que contou com 144 votos a favor, abaixo dos 289 votos necessários para ser adotada e conseguir provocar a queda do Governo e abrir caminho a uma nova dissolução, foi a segunda votada durante a manhã e não contou com o apoio dos deputados da França Insubmissa (LFI, esquerda radical).

Os votos partiram de deputados de direita, incluindo de três republicanos.

À saída da Assembleia Nacional, Sébastien Lecornu disse aos jornalistas que iria voltar “ao trabalho”, deslocando-se a pé até à sua residência oficial em Matignon.

“Era necessário que os debates pudessem começar e eles vão começar”, acrescentou.

Durante o seu discurso antes da votação, a líder do grupo RN na Assembleia Nacional, Marine Le Pen, considerou o projeto de orçamento de Lecornu como um “museu de todos os horrores presos há anos nas gavetas de Bercy”, referindo-se ao Ministério da Economia francês.

“Não é um ano em branco, mas um ano negro para os franceses, para aqueles que trabalham e pagam impostos”, afirmou a deputada.

Antes, o Parlamento rejeitou a moção de censura apresentada pela LFI, com mais hipóteses de obter apoio, chumbada apenas por 18 votos num total de 271 votos a favor, tendo sido apoiada pelos deputados do RN.

O primeiro-ministro pediu aos deputados antes da votação das moções de censura para não tomarem “como reféns o orçamento da nação e o da segurança social”, referindo-se ao debate sobre o projeto de lei orçamental para 2026 – cujo texto foi apresentado na terça-feira ao Conselho de Ministros – que deverá começar na próxima semana.

“É um momento da verdade, evidentemente. Queremos a ordem republicana, com debates que se realizam na Assembleia Nacional, ou queremos a desordem?”, questionou Sébastien Lecornu aos deputados, durante o debate marcado por contestação da oposição, em que afirmou que o seu segundo Governo não teme a censura e alertou para a continuação da crise política.

A direção do Partido Socialista (PS) – cujos votos são decisivos numa Assembleia sem maioria – pediu o voto contra, após o primeiro-ministro aceitar a sua exigência inegociável de congelar a reforma das pensões até janeiro de 2028, de modo a que o tema possa integrar o debate nas eleições presidenciais de 2027.

Aprovada em 2023, a proposta de lei, muito contestada por prever o aumento da idade da reforma de 62 para 64 anos, foi suspensa para tentar evitar que o frágil governo minoritário seja imediatamente derrubado.

O primeiro secretário do PS, Olivier Faure, anunciou esta quinta-feira que não irá censurar enquanto “o Parlamento for respeitado”, tal como Lecornu prometeu no seu discurso de política geral. No entanto, sete deputados socialistas decidiram votar a favor da censura.

Na terça-feira, o Partido Socialista francês anunciou estar disposto “a apostar” na continuidade do debate parlamentar, afastando uma moção de censura imediata da sua parte contra o Governo.

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