A Lista de Salvaguarda de Árvores Antigas, e de Reconhecido Valor, ao abrigo da Lei de Salvaguarda do Património Cultural, foi lançada em outubro de 2016. Nessa altura, no caso das árvores antigas, apenas estavam incluídas as árvores antigas em locais públicos, num total de 555. Em junho de 2020, começaram a ser incluídas as árvores antigas privadas. Calculado com base em dados históricos, o número de árvores antigas privadas na lista aumentou significativamente: de quatro, há quatro anos, para 117 atualmente. No entanto, no que diz respeito às árvores antigas localizadas em locais públicos, após os vários tufões ocorridos entre 2017 e 2020, e apesar de terem sido incluídas repetidamente novas árvores antigas na Lista, o número atual é de apenas 533, o que ainda não atinge o nível de 555 árvores em 2016.
Em resposta a um pedido de informação do PLATAFORMA, o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) revela que existem cerca de 20 árvores com 90 anos, ou mais, que não foram incluídas na Lista. Segundo se sabe, a maior parte serão árvores antigas privadas. Isto significa que demorará ainda algum tempo até que o número de árvores antigas públicas possa voltar a atingir o nível de 2016.
O maior número de árvores antigas retiradas da lista ocorreu entre 2016 e 2020, quando um total de 44 árvores antigas foram retiradas da lista, por terem morrido. Num comunicado de imprensa de junho de 2020, o IAM afirmou que, das 42 árvores antigas nessa altura retiradas da lista, “22 caíram durante a passagem dos tufões Hato e Mangkhut; 14 árvores morreram de ‘podridão radicular’, doença que é considerada como o cancro das árvores; quatro morreram por infeção derivada da podridão das raízes; uma por fraqueza prolongada; e uma outra foi cortada ilegalmente”. Em agosto do mesmo ano, mais duas árvores velhas foram retiradas da lista devido a mortes causadas pelo tufão Higos. Durante estes anos, para além das árvores antigas, muitas árvores de Macau com menos de 100 anos foram também danificadas por tufões, causando graves danos às árvores e ao ecossistema.
Além disso, em resposta a um inquérito deste jornal, o IAM afirmou que “51 árvores antigas foram retiradas da lista, desde 2016”, devido a uma variedade de razões; incluindo a morte causada por tufões, pragas, doenças, e decomposição natural. Ou seja, nos últimos quatro anos, sete árvores antigas foram retiradas da lista.
Três delas foram retiradas da lista na última atualização. De acordo com um comunicado de imprensa emitido pelo IAM, em julho deste ano, as três árvores antigas retiradas da lista são o Falso Diospireiro, na Colina da Ilha Verde (degradação natural); o Castanheiro da Índia, no Parque Municipal da Colina da Guia; e o Jamboeiro, no Parque de Seac Pai Van (continuam a definhar devido a doenças e pragas após tentativas de recuperação).
Flutuação no número de espécies antigas
Em comparação com as listas de 2023 e 2024, o Jamboeiro acima referido é, por enquanto, o único Jamboeiro antigo em Macau, o que também significa que o número de espécies de árvores antigas foi reduzido para 56, das 57 listadas em 2023. Ainda assim aumenta ligeiramente em relação às 55 espécies listadas em novembro de 2020, quando a lista foi novamente atualizada após o tufão.
A Falsa Figueira Sagrada continua a ser a espécie maioritária em Macau. Na atualização de julho de 2024 há um total de 357 árvores, mais sete em relação a 2023; e mais 25 em relação a novembro de 2020. A espécie que teve o segundo maior aumento em número, entre novembro de 2020 e julho de 2024, foi a Ameixa de Java: de 14, nessa altura, para 24 este ano. Além disso, um total de seis espécies de árvores antigas aumentaram em número nesta atualização da Lista, nomeadamente a Falsa Figueira Sagrada, o Lódão da China, a Mangueira, a Canforeira, o Sabonete e a Árvore do Algodão.
Desafio da sobrevivência
De acordo com um relatório divulgado pela TDM, em fevereiro deste ano, das 645 árvores antigas, e de reconhecido valor, que constavam da Lista, na altura, 21 encontravam-se em situação de perigo, tendo o IAM respondido que iria ajustar a frequência das inspecções e providenciar o tratamento atempado, de acordo com as condições de saúde das diferentes árvores antigas e de valor reconhecido. O relatório citava ainda um perito do Instituto de Ciências Florestais e Paisagísticas de Guangzhou: cerca de 50% das árvores antigas de Macau enfrentavam problemas como pequenas poças, onde cercadas por pavimentos duros. Por isso sugeria que fossem tomadas medidas para melhorar o ambiente em torno da localização dessas árvores.
As árvores antigas de Macau são classificadas de acordo com a sua idade: as que têm 500 anos, ou mais, são de Grau I; entre 300 e 499 anos Grau II; entre 100 e 299 Grau III. As árvores de reconhecido valor não estão sujeitas a limite de idade
Também em agosto deste ano, um ramo de uma antiga Árvore de Pagode, no Templo de Tin Hau, na Rua dos Pescadores, ruiu. Após exames preliminares, suspeitou-se que o enfraquecimento da velha árvore havia sido causado por uma série de chuvas fortes. O comunicado de imprensa do Governo referiu que a árvore antiga, incluída na Lista em novembro de 2020, encontrava-se em risco de saúde, razão pela qual nova tentativa de salvação foi levada a cabo no ano passado. Durante as inspeções regulares, o IAM encontrou sinais de maior enfraquecimento da árvore, como infeções, apesar de anteriormente ter sido emitido uma carta solicitando aos proprietários que efetuassem a manutenção da árvore. O Instituto Cultural e o IAM garantem que continuarão a monitorizar e a acompanhar o estado dessa árvore antiga.
As árvores antigas de Macau são classificadas de acordo com a sua idade: as que têm 500 anos, ou mais, são de Grau I; entre 300 e 499 anos Grau II; entre 100 e 299 Grau III. As árvores de reconhecido valor não estão sujeitas a limite de idade.