Sob o lema “a primavera vai chegar” e o símbolo de coração feito com os dedos que se tornou numa imagem de marca, Kemal Kilicdaroglu está longe de parecer um carrasco. Mas poderá tornar-se num para o presidente Recep Tayyip Erdogan, caso se confirmem as sondagens e derrote o homem que está há 20 anos no poder na Turquia. Há previsões que dizem até que poderá ganhar à primeira volta, depois da desistência de um terceiro candidato que disputava os mesmos votos da oposição. A decisão cabe aos 64 milhões de eleitores turcos que hoje são chamados às urnas e que elegem também os 600 deputados da Grande Assembleia Nacional.
Aos 69 anos, Erdogan tem nestas eleições o seu maior desafio, enfrentando pela primeira vez a oposição unida num só candidato. Há uma década líder do Partido Republicano do Povo (CHP), Kilicdaroglu, de 74 anos, nunca teve sucesso eleitoral, mas isso poderá mudar à frente da Aliança da Nação, que reúne outras cinco forças de diferentes quadrantes políticos. O alvo a abater é a Aliança do Povo, liderada pelo Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) do presidente, que espera celebrar no poder o centenário da República, fundada a 29 de outubro de 1923 por Mustafa Kemal Atatürk (que era do CHP).
A união da oposição surge em torno de um só objetivo – derrotar Erdogan, o líder turco mais marcante desde Atatürk – com a principal promessa a ser o regresso ao sistema parlamentar, que em 2018 foi transformado no atual sistema presidencialista. Os seis partidos prometem ainda a independência do sistema judiciário, que os críticos dizem ter sido usado por Erdogan para perseguir os opositores (algo que ele nega), assim como dos media (atualmente 90% estão sob controlo do executivo).
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