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TAP. Reunião secreta com a CEO divide socialistas. Marcelo censura

Diário de Notícias

Presidente da Assembleia da República e presidente do PS com visões diferentes. Marcelo critica socialistas mas diz que não há condições para provocar eleições antecipadas.

Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República (AR), para um lado; e Carlos César, presidente do PS, para o outro. Duas das mais importantes figuras da constelação socialista dividiram-se esta segunda-feira por causa da reunião secreta que juntou a CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, com um deputado do PS e elementos do Governo (ministério das Infraestruturas) no dia 17 de janeiro, véspera de a gestora ir ao Parlamentar dar explicações sobre a demissão de Alexandra Reis.

“É um episódio que julgo que não se repetirá. Todos nós vamos aprendendo”, disse Santos Silva. “Os grupos parlamentares que apoiam um Governo e esse Governo podem e devem ter reuniões periódicas, ao nível político adequado, mas essas reuniões não devem envolver outras personalidades que, pelo seu perfil mais técnico ou pelas responsabilidades que têm – seja à frente da administração direta do Estado, seja à frente da administração indireta ou à frente do setor empresarial do Estado.”

Já para Carlos César, toda a verdade sobre esta reunião está a ser alvo de um “embuste” porque “sempre foi prática fazer essas reuniões informativas e ou preparatórias, com governantes, com gestores de empresas ou institutos públicos, ou simplesmente com outros organismos, associações, entidades e empresas privadas, líderes de opinião ou especialistas nas matérias em apreço. Independentemente, ou antes ou depois de audições parlamentares” e isso acontecia “muito naturalmente, com todos” os partidos.

Comentando esta segunda-feira toda as polémicas suscitadas na comissão parlamentar de inquérito à TAP – que esta terça-feira vai ouvir o chairman da empresa, Manuel Beja, também demitido pelo Governo com Christine Ourmières-Widener – o Presidente da República também criticou a realização da tal reunião secreta, que comparou a “um professor fazer uma preparação um exame com os alunos que vai examinar”. Marcelo assegurou ainda que “nunca contactou ninguém sobre isso” (referindo-se ao pedido que o ex-secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Mendes fez à CEO da TAP para mudar o horário de um voo da companhia que transportaria o Presidente de Maputo para Lisboa).

Marcelo aproveitou ainda para responder aos apelos que defendem que deve dissolver a AR e convocar eleições antecipadas. Referindo-se à guerra na Ucrânia, à conjuntura de crise financeira económica com inflação alta e também à execução em curso dos fundos do PRR, concluiu que “não faz sentido neste ambiente falar periodicamente de dissolução”.

Já António Costa aproveitou para, numa declaração à Lusa, qualificar a atuação de Hugo Mendes como “gravíssima” pelo primeiro-ministro. “Se tivesse conhecido [o caso, na altura], teria obrigado o ministro [das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos] a demiti-lo, na hora.”

PSD, IL e BE acusaram o PM de estar com este argumento a fugir às responsabilidades. O Chega ameaçou com uma moção de censura.

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