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Biden chega ao México com proposta migratória e busca deter estragos do narcotráfico

O presidente americano, Joe Biden, visitou, neste domingo (8), El Paso, cidade do Texas, fronteiriça com o México, antes da visita oficial ao país vizinho, onde vai abordar a crise migratória e a urgência em reduzir os estragos do narcotráfico no seu país.

A chegada de Biden ao México ocorrerá em meio a intensos debates sobre imigração ilegal e tráfico de drogas na região, questões que podem afetar sua imagem em uma eventual candidatura à reeleição em 2024.

O democrata visitou El Paso em um gesto aos seus adversários, que o repreendem por não ter pisado na fronteira de 3.100 quilómetros em dois anos de governo.

“Nossas comunidades fronteiriças representam o melhor da generosidade da nossa nação e vamos conseguir para elas mais apoio, enquanto ampliamos as vias legais para uma migração ordenada e limitar a imigração ilegal”, escreveu em sua conta no Twitter antes de chegar ao Texas.

Biden reuniu-se com agentes dos serviços de Alfândegas e Imigração e a Patrulha de Fronteiras no posto de controle da Ponte das Américas, um complexo de prédios de inspeção e cercas que separam os dois países.

Os agentes e oficiais, incluindo especialistas com cães farejadores, fizeram uma demonstração de técnicas para revistar veículos que passam pela fronteira. Biden também trocou impressões com agentes da Patrulha de Fronteiras em trechos das cercas entre os Estados Unidos e o México.

As cerca de 2,3 milhões de prisões e expulsões de migrantes sem documentos no ano fiscal de 2022; as 108 mil mortes por overdose de drogas em 2021: a migração e o narcotráfico estarão no centro do encontro entre Biden e seu homólogo mexicano, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, nesta segunda-feira, na Cidade do México.

Na terça-feira, os dois líderes participarão a Cúpula dos Líderes da América do Norte juntamente com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.

“O México é particularmente relevante quando se trata de lidar com os dois graves problemas, que se tornaram vulnerabilidades políticas para Biden”, disse à AFP Michael Shifter, presidente do centro de estudos Diálogo Interamericano.

Antes de viajar a El Paso, Biden anunciou um programa migratório limitado a quatro países: Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela, mergulhados em uma profunda crise, embora o fluxo incessante de viajantes sem documentos afete várias nações.

O programa permitirá a entrada mensal de até 30 mil pessoas por dois anos, ao mesmo tempo em que reforçará as expulsões daqueles que entrarem ilegalmente em território americano.

Mas sem um plano robusto para lidar com os refugiados, “essas novas medidas apenas colocarão os requerentes de asilo em situações perigosas”, alertou a ONG Comitê Internacional de Resgate.

Deixando momentaneamente de lado as questões regionais, Biden chamou a invasão deste domingo das sedes dos Três Poderes de Brasília, protagonizada por centenas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, de “ultrajante”. Os invasores não aceitam a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Seu contraparte mexicano, Andrés Manuel López Obrador, que o receberá na noite de domingo, denunciou este ataque como uma “tentativa de golpe dos conservadores brasileiros”.

“Desafio regional”

O secretário de Segurança Interna americana, Alejandro Mayorkas, que acompanha Biden, enfatizou neste domingo que o problema da imigração vai muito além dos Estados Unidos e do México.

“O assunto está dominando o hemisfério, e um desafio regional requer uma solução regional”, afirmou Mayorkas à emissora ABC.

Os fluxos de migrantes que fogem da violência e da pobreza em seus países são um desafio particular para o México, cuja fronteira se tornou uma porta giratória para os viajantes ilegais que tentam entrar nos Estados Unidos.

Milhares deles permanecem em território mexicano por causa do chamado “Título 42”, regra restritiva implementada pelo governo americano durante a pandemia de covid-19 e que autoriza expulsões expressas. A medida foi adotada pelo governo do republicano Donald Trump (2017-2021), mas a justiça impediu sua suspensão por temores de uma avalanche ainda maior de migrantes.

Droga mortal

O encontro bilateral Biden-AMLO também será marcado pela tragédia do fentanil, uma droga sintética 50 vezes mais potente que a heroína, cuja produção e tráfico são controlados por cartéis mexicanos com componentes químicos da China, segundo a DEA, a agência antidrogas dos EUA. 

Quase dois terços das 108.000 mortes por overdose nos EUA em 2021 envolveram opioides sintéticos. A quantidade de fentanil apreendida somente em 2022 seria mais do que suficiente para matar toda a população dos Estados Unidos, diz a agência. 

Por isso, Biden busca “ampliar o intercâmbio de informações” com o México e “fortalecer a prevenção”, afirmou o chefe da diplomacia dos EUA para a América Latina, Brian Nichols.

Em 2021, os dois países anunciaram uma mudança em suas políticas antidrogas para focar nas causas do narcotráfico, após 15 anos de uma estratégia com ênfase na participação ativa das forças militares. Desde o seu lançamento em 2006, o México acumula cerca de 340 mil assassinatos e milhares de desaparecidos, sem que os cartéis tenham perdido força.

Em meio a este banho de sangue, o governo mexicano apresentou duas ações contra fabricantes de armas de fogo americanos.

Especialistas em segurança veem um esfriamento da cooperação no âmbito da política de “abraços, não tiros” de López Obrador, que contrasta com operações como a captura, na quinta-feira passada, em Culiacán, de Olívio Guzmán, filho de Joaquín “Chapo” Guzmán, condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos.

A mudança climática também estará sobre a mesa de debates, depois que os dois países anunciaram na COP27 um projeto de energia renovável que exigirá US$ 48 bilhões em investimentos e no qual o México promete expandir suas metas de redução de gases de efeito estufa até 2030.

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