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Influência dos EUA e da UE deve diminuir nos próximos cinco anos

Lusa

A influência dos EUA e da União Europeia (UE) deve diminuir nos próximos cinco anos, embora estas potências permaneçam como relevantes atores internacionais, revela um estudo transatlântico ontem apresentado em Lisboa

O relatório Tendências Transatlânticas, patrocinado pelo German Marshall Fund e pela Fundação Bertelsmann, revela que a maioria da população dos países da América do Norte e da Europa consideram que, nos próximos cinco anos, os Estados Unidos, China e UE vão ser, por esta ordem, as mais influentes potências mundiais.

Contudo, muitos dos inquiridos – em 14 países dos dois continentes, incluindo Portugal – acreditam que, nos próximos cinco anos, os Estados Unidos e a UE vão perder a capacidade de influir no rumo dos acontecimentos internacionais.

O número é mais relevante no caso dos EUA (27% dos inquiridos deixaram de considerar este país muito relevante) do que no da UE (2% deixaram de considerar este bloco muito relevante), enquanto mais 12% atribuem um crescendo de relevância à China e 4% acredita que a Rússia vai ganhar mais prestígio.

A amostra de população de Portugal é das mais confiantes sobre a manutenção do poder de influência dos Estados Unidos, apenas ultrapassada neste otimismo pelos próprios norte-ameriacanos e pelos lituanos.

O relatório – que foi hoje apresentado numa conferência em Lisboa, na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) – indica ainda que a maioria (66%) dos inquiridos dos 14 países olha de forma positiva para o papel da UE nos acontecimentos internacionais, um sentimento mais comum do que aquele atribuído aos EUA (57%).

Mais uma vez, Portugal destaca-se na perceção otimista sobre estas duas potências e é mesmo o país que revela números mais elevados na visão positiva da influência da UE (87%).

Para Pedro Magalhães – investigador do Instituto de Ciências Sociais e um dos comentadores convidados pela FLAD para a sessão de hoje de apresentação do relatório – os números mostram que, para os inquiridos dos 14 países, não há verdadeiramente um dilema entre os Estados Unidos e a União Europeia.

“Sobretudo para os portugueses, esse dilema não existe, mostrando que mantêm uma forte confiança nestes dois blocos”, explicou Pedro Magalhães.

Raquel Vaz Pinto – investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais e comentadora na sessão da FLAD – destacou o facto de, apesar da crença de que a China vai ganhar protagonismo num futuro próximo, haver um aumento de perceção negativa sobre o papel deste país asiático nos acontecimentos internacionais.

“Ainda assim, realço o facto de um em cada três inquiridos ter dito que não tem uma opinião formada sobre se a China vai ser um parceiro fiável”, disse Raquel Vaz Pinto, na apresentação do relatório.

O documento mostra ainda que o sentimento sobre a influência da Rússia é negativo para 73% dos inquiridos, com uma larga maioria a defender que o país liderado pelo Presidente Vladimir Putin deve ser castigado pelos crimes de guerra que cometa na invasão da Ucrânia.

A guerra na Ucrânia pode também estar por detrás dos números que revelam que, entre 2021 e 2022, a percentagem de inquiridos que atribuem importância à NATO tenha aumentado de 67% para 78%.

Um dos aspetos que surpreendeu os comentadores do relatório foi o facto de 81% dos inquiridos nos países da UE terem dito que este bloco de 27 países é muito importante para a segurança da sua própria nação, com Portugal à cabeça dos países confiantes na União para assegurar condições de segurança nacional.

Portugal é também um dos países cuja população mais acredita que tem um regime democrático sólido, apenas ultrapassado pelos suecos.

Em sentido contrário, os turcos, os italianos, os polacos e os norte-americanos mostram-se preocupados com a saúde da sua democracia.

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