A opinião pública e os responsáveis governamentais da União Europeia (UE) têm que se consciencializar da gravidade da ameaça que representam regimes autocráticos estrangeiros, considera a Comissão Especial sobre a Ingerência Estrangeira do Parlamento Europeu (PE)
A UE não tem consciência dos perigos da ingerência estrangeira. Ao fim de 18 meses de trabalho, a Comissão Especial sobre a Ingerência Estrangeira em Todos os Processos Democráticos na União Europeia, incluindo a Desinformação (INGE), salienta que a opinião pública europeia e os responsáveis governamentais mostram uma “flagrante falta de consciência” da gravidade da ameaça representada pelos regimes autocráticos estrangeiros, segundo uma nota de imprensa.
A INGE considera ainda que medidas de defesa insuficientes facilitaram a apropriação de infraestruturas críticas, a realização de ciberataques, o recrutamento de antigos políticos de alto nível e a promoção de um debate público polarizado, situações exacerbadas por lacunas na legislação e falta de coordenação entre os países da UE.
Porque a UE não tem noção dos perigos da ingerência estrangeira, algumas das recomendações para responder a esta ameaça, dos eurodeputados que integram a INGE, são o reforço do apoio aos meios de comunicação social pluralistas de grande distribuição e aos verificadores de factos.
A comissão recomenda ainda proibir o financiamento estrangeiro a partidos europeus e dificultar a atores estrangeiros o recrutamento de políticos de alto nível que deixaram recentemente os cargos.
Os Estados-membros da UE devem ainda considerar as infraestruturas eleitorais digitais como entidades críticas.
O relatório sugere por outro lado que sejam oferecidas alternativas aos investimentos financeiros provenientes da China e utilizados como ferramentas geopolíticas e que sejam clarificadas as “relações altamente inadequadas” mantidas entre alguns partidos europeus e a Rússia.
O PE irá pronunciar-se sobre este relatório na sessão plenária de 07 a 10 de março, em Estrasburgo, França.