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Boris Johnson ‘muito preocupado’ com anúncios alarmantes da ONU

Agnès Pedrero

Com o rápido aumento do nível do mar na Holanda e uma concentração recorde de gases de efeito estufa, as mudanças climáticas parecem incontroláveis e por isso a COP26 poderia “terminar mal”, declarou ontem, preocupado, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson

Johnson preocupado com os anúncios da ONU. Após a abertura da conferência sobre o clima, em 31 de outubro, em Glasgow, Escócia, o governo britânico terá duas semanas para convencer os cerca de 200 países presentes a adotarem mais ações para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, com o objetivo de conter o aquecimento global abaixo de 1,5 ºC em relação à era pré-industrial.

“Estou muito preocupado porque isto pode terminar mal”, declarou Boris Johnson nesta segunda, durante sessão de perguntas e respostas com crianças em Downing Street. “É possível que não consigamos os acordos de que precisamos”, acrescentou.

Em uma demonstração das dificuldades que se apresentam, a Austrália, um dos principais exportadores de carvão e gás, anunciou um plano para zerar as emissões em 2050, mas descartou metas mais ambiciosas para 2030.

“Queremos que a nossa indústria pesada, como a mineração, se mantenha aberta e competitiva”, disse o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison.

Paralelamente, a ONU anunciou que as concentrações na atmosfera dos três principais gases de efeito estufa alcançaram níveis recorde no ano passado, apesar da desaceleração da atividade econômica por causa da pandemia de covid-19.

Água sobe na Holanda

Outro sinal de alerta: o nível do mar poderia subir muito mais do que o previsto na costa holandesa, até dois metros até 2010, informou o Instituto Meteorológico da Holanda nesta segunda-feira. 

Na semana passada, o presidente da COP26, o britânico Alok Sharma, considerou que poderia ser “mais difícil” alcançar um acordo em Glasgow do que em Paris – onde foi celebrada a edição de 2015 -, enquanto o secretário-geral da ONU, António Guterres, avaliou que os compromissos atuais dos países levam “ao desastre”. 

Mas, em um tom mais otimista, os organizadores da COP26 consideram que em 2023 seja possível  alcançar o objetivo de 100 bilhões de dólares anuais em ajuda dos países ricos, grandes poluidores, aos países pobres para que estes possam enfrentar as mudanças climáticas, segundo um relatório divulgado nesta segunda-feira. Esse objetivo, no entanto, estava fixado para 2020. 

Neste sentido, a Arábia Saudita, primeiro exportador mundial de petróleo, anunciou nesta segunda que quer investir mais de um bilhão de dólares em iniciativas ambientais. 

Contudo, a ONU descreveu nesta segunda as “tendências preocupantes” que se desenham no horizonte apesar dos novos compromissos climáticos assumidos nas últimas semanas, considerando que o mundo se encaminha para um aumento “catastrófico” das temperaturas de 2,7 ºC. 

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) revelou, por sua vez, nesta segunda, que o aumento anual das concentrações dos três principais gases de efeito estufa – dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) – superaram, inclusive, a média do período 2011-2020.  

Rumo aos +4°C

“Se continuarmos usando os recursos fósseis de forma ilimitada, poderíamos alcançar um aquecimento de uns 4 graus até o fim do século”, advertiu Petteri Taalas, secretário-geral da OMM, durante coletiva de imprensa. 

Os primeiros dados mostram que os níveis de CO2 continuaram crescendo em 2021. 

E o CO2, que provém essencialmente da combustão de matérias fósseis e da produção de cimento é, de longe, o principal responsável por este aquecimento. 

Sua concentração alcançou em 2020 as 413,2 partes por milhão (ppm) e se situa em 149% dos níveis pré-industriais. 

Quanto ao metano (CH4) e ao óxido nitroso (N2O), suas concentrações equivaleram, respectivamente, a 262% e 123% dos níveis de 1750, o ano escolhido para representar o momento em que a atividade humana começou a alterar o equilíbrio natural da Terra. 

O relatório da OMM detalha que cerca de metade do CO2 emitido pelas atividades humanas permanece na atmosfera, enquanto outra metade é absorvida pelos oceanos e pelos ecossistemas terrestres. 

Mesmo assim, a OMM teme que estes sumidouros de CO2 estejam diminuindo  devido ao desmatamento e ao aquecimento das águas e sua acidificação.

De fato, parte da Amazônia passou de “sumidouro” a uma “fonte de carbono”, advertiu a agência da ONU. 

“É alarmante e está vinculado ao desmatamento na região”, destacou Petteri Taalas. 

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