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Chavismo busca ‘corrigir erros’ para atrair investidores em meio à crise na Venezuela

Margioni Bermúdez

O chavismo promove novas leis para reconquistar a confiança dos investidores privados e “corrigir erros” que custaram à Venezuela uma das piores crises de sua história, agravada por sanções financeiras aplicadas pelos Estados Unidos. 

Do Parlamento, de maioria governista, o deputado Nicolás Maduro Guerra, filho do presidente venezuelano, promove várias propostas, entre as quais destaca a Lei Orgânica de Zonas Económicas Especiais, que visa a simplificar os trâmites alfandegários e conceder incentivos fiscais aos empresários.

“Todas essas iniciativas geram confiança”, afirmou Maduro Guerra à AFP durante uma reunião nesta sexta-feira com a imprensa estrangeira, na qual se referiu a quatro zonas econômicas com saída para o Mar do Caribe que terão condições especiais para atrair investimentos.

“Os empresários não podem sem o governo e o governo não pode sem os empresários. Apostamos em que essa lei será um ponto de virada para a confiança e irá criar oportunidades para que o país cresça e se desenvolva”, comentou, sobre o projeto de lei que esperam sancionar em julho.

O político, 31, que guarda grande semelhança física com seu pai, fala sobre o “período difícil” vivido pelo governo chavista com as empresas privadas, que acusou de terem assumido o papel de “oposição”.

“Eles se dedicaram a tentar derrubar o governo de qualquer forma, e com certeza cometemos erros, somos humanos, estávamos no calor dessa luta, e isso não fez bem ao país. Essa luta não faz bem a ninguém”, assinalou Maduro Guerra, também economista e músico.

As expropriações polêmicas de empresas, várias das quais quebraram após passar para as mãos do governo, estão entre “os erros” do passado, reconheceu o político, acrescentando ter consciência de que os ataques à propriedade privada não favoreceram a imagem do governo que seu pai herdou do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013).

A associação patronal Fedecámaras, que pediu ao Parlamento atual que considerasse a devolução das empresas expropriadas a seus donos, denunciou que, na era chavista, mais de uma centena de empresas “foram tomadas” sem o ressarcimento de seus proprietários, e que algumas “foram desmembradas”.

Acordos indispensáveis

O presidente da Fedecámaras, Ricardo Cusanno, destacou nesta quinta-feira, durante a Sessão Plenária da Conferência Internacional do Trabalho, que “os acordos público-privados são essenciais para se alcançar novas soluções” que contribuam para superar os desafios em meio à crise, acentuada pela pandemia.

“Ao mesmo tempo, é requerido do Estado um impulso decidido para a sustentabilidade empresarial, gerando maior confiança e o fortalecimento do quadro institucional e democrático, para atrair investimentos que permitam enfrentar as mudanças impostas pelo mundo pós-pandemia e manter os postos de trabalho”, expressou Cussano, em discurso publicado no site da Fedecámaras.

Para Maduro Guerra, neste momento da crise, que conduz o país ao oitavo ano consecutivo de recessão, a chave é “reconhecer os papéis de cada um”, tanto do setor econômico quanto do político, mas trabalhando em conjunto.

Na opinião do economista José Manuel Puente, professor do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Estudos Superiores em Administração (Iesa), as flexibilizações que vêm ocorrendo após anos de controles rígidos de preços e do câmbio não são suficientes para superar a crise. “É necessário um programa de estabilidade e volumes significativos de ajuda financeira internacional, além de uma transição política. Essas mudanças não são suficientes para resgatar a Venezuela do ciclo de recessão e hiperinflação”, apontou.

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