A vacinação contra a covid-19 em Timor-Leste só arranca previsivelmente em abril, mas ainda de forma reduzida com o país a receber apenas um lote de 30 mil doses, o que representa menos de 6% do total necessário para os primeiros 20% prioritários
Fonte conhecedora do roteiro de vacinação disse à Lusa que as primeiras 30 mil doses – suficientes para vacinar 15 mil pessoas – “são esperadas no final de março”, com a sua aplicação a arrancar em abril.
Já as restantes, até mais de meio milhão necessárias para cobrir os 20% prioritários, deverão chegar “em grupos” ao longo do terceiro trimestre”, sendo que só depois disso começará a vacinação de forma mais ampla.
As doses necessárias para vacinar os primeiros 20% da população serão fornecidas através do fundo internacional Covax, destinado a apoiar os países com mais carências e vulnerabilidades.
Fontes ouvidas pela Lusa explicaram que as primeiras doses vão ser enviadas da Coreia do Sul, não sendo ainda conhecido o calendário detalhado dos restantes lotes nem de onde serão enviados para o país.
Timor-Leste recorrerá à vacina AstraZeneca, por ser considerada “a vacina mais apropriada” para o país, dado que pode ser preservada em frigoríficos, entre dois e oito graus centígrados.
Dentro do primeiro grupo de 20% da população a ser vacinada, a prioridade será para funcionários da linha da frente, especialmente na zona da fronteira terrestre, para equipas que estão diretamente envolvidas no combate à covid-19, maiores de 60 anos e pessoas com comorbilidade.
O roteiro das vacinas, aprovado na segunda-feira numa reunião extraordinária do Conselho de Ministros, e a que a Lusa teve hoje acesso, previa que o primeiro lote a chegar ao país tivesse já 108 mil doses, atualizando depois essa informação para o total de 33.600 doses na “quarta semana de março”.
E refere que as 160 mil doses seguintes só são esperadas em agosto e as 130 mil posteriores no início de setembro.
Cerca de 100 mil doses serão para 50 mil pessoas na linha da frente, mais de 160 mil para as 80 mil pessoas com comorbidades e maiores de 60 anos e 260 mil doses (130 mil pessoas) com outros grupos prioritários e vulneráveis.
Depois disso, o Governo estima que serão necessárias mais de 2,3 milhões de doses, para um universo de 1,17 milhões de pessoas das quais 542 mil têm menos de 17 anos.
No roteiro destaca-se a “oportunidade para aproveitar a disponibilidade do Governo australiano em financiar a aquisição de vacinas para 80% da população até o final do ano de 2021, início de 2022”.
No texto considera-se importante “planear a vacinação alargada a toda a população” dado a pandemia continuar a ser “uma grande ameaça à saúde pública nacional, internacional e global”.
Ainda que por fases, “a cobertura de vacinação para 100% da população contribuirá para a minimização de custos operacionais”, com “menos interrupções em outros serviços essenciais de saúde devido à mobilização de pessoal”.
E assinala-se que “já existe um sistema de aprovisionamento de vacinas no país, através do Acordo de Cooperação entre o Ministério da Saúde e a UNICEF e Contrato Marco entre SAMES (farmácia central) e a UNICEF para aquisição de vacinas”.
No que se refere ao financiamento dos 80% restantes – com um custo estimado de 15,4 milhões de dólares (12,9 milhões de euros), o roteiro prevê três cenários, com valores diferentes de apoio do Governo australiano, entre 10 e 2,7 milhões de dólares, sendo que o resto seria colmatado pelo Governo timorense.
Timor-Leste tem atualmente 48 casos ativos da covid-19, com 21 a serem confirmados nos últimos dias em vários focos em Díli, indiciando possível transmissão comunitária.
O município de Díli está sob cerca sanitária e em confinamento obrigatório pelo menos até 15 de março, período que pode ser alargado por mais uma semana segundo a resolução do Governo.