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A mudança de atitude do Brasil em relação à China

David ChanDavid Chan*

Há muito que o presidente brasileiro Jair Bolsonaro é apelidado de “Trump da América do Sul”, sendo que os dois partilham visões semelhantes do mundo. Trump é quase como um ídolo para Bolsonaro, sendo por isso que em 2018, sob influência do presidente americano, o Brasil baniu também a Huawei.

Mas agora que Trump não está mais no poder, a atitude do Governo brasileiro em relação à China está a mudar. Bolsonaro partilhou no passado dia 17 de janeiro que o país não irá proibir a Huawei de participar no concurso público deste ano para a tecnologia 5G.

Bolsonaro tem seguido os passos de Trump na questão das vacinas do novo coronavírus, chegando até a opor-se ao uso de vacinas chinesas no Brasil por razões políticas. Porém, notícias recentes revelam que a posição do presidente em relação a estas vacinas também sofreu uma mudança de 180 graus. No dia 26 de janeiro, Jair Bolsonaro agradeceu publicamente no Twitter ao Governo chinês pelo processo rápido de aprovação e exportação do ingrediente ativo das vacinas Sinovac.

A nova atitude de Bolsonaro, que há muito parecia desconfiar da China, embora surpreendente, é lógica tendo em consideração que as novas vacinas são um bem altamente valioso no mundo. Até ao momento a China já aprovou a exportação de quantidades suficientes de insumos, possibilitando que sejam produzidas 8,5 milhões de vacinas em São Paulo, e está a acelerar o processo de aprovação do ingrediente ativo na vacina AstraZeneca, produzida no Brasil. Como resposta, Bolsonaro publicou dois tweets, o primeiro explicando a ajuda que a China tem fornecido ao país, e de seguida agradecendo ao Governo chinês, dizendo o seguinte: “Agradeço a sensibilidade do Governo chinês, bem como o empenho dos ministros.”

O presidente brasileiro ria-se da CoronaVac. Mesmo quando em outubro do ano passado o Instituto Butantan e o governador do Estado de São Paulo afirmavam que os estudos clínicos mostravam que esta era a vacina mais segura testada no Brasil, Bolsonaro jurava que não iria comprar vacinas à China. Porém, parece que agora que Trump já não está no poder tudo mudou, com o Ministério Nacional de Saúde do Brasil a anunciar que tinha aprovado uma licença de emergência para a vacina da Sinovac no dia 17 de janeiro.

Recentemente o Governo brasileiro chegou também a um acordo com a AstraZeneca para a produção de 100 milhões de doses da respetiva vacina, mas depende da importação de insumos chineses para isso, que serão enviados pela China no início deste mês. Daí a gratidão repentina de Bolsonaro.

*Editor Senior

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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