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“GenerVisionHouse” aposta no desenvolvimento sustentável

Johnson Chao*

Sendo uma das regiões com maior rendimento a nível global, como pode Macau acompanhar o resto do mundo em termos de desenvolvimento sustentável?

O PLATAFORMA entrevistou as fundadoras da organização não-governamental GenerVisionHouse, Christy Un e Arianna U, recém-participantes no “Projeto de Estágio na Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura”. Esperam partilhar o que aprenderam com a população local, mostrando as diferentes formas de desenvolvimento sustentável espalhadas um pouco por todo o mundo.

Quais são os pontos focais de desenvolvimento sustentável para a GenerVisionHouse?

Christy Un – As Nações Unidas propuseram 17 objetivos de desenvolvimento sustentável em 2015, incluindo tópicos como redução da desigualdade de género e alterações climáticas. É frequentemente mencionado em Macau que, para sermos uma cidade internacional, é importante criarmos uma ligação com a comunidade internacional. Macau, em particular, ainda tem muito espaço de crescimento até atingir os padrões desta comunidade em matéria de consumo responsável. É importante educar os jovens e ensiná-los a manter uma forma de pensar internacional.

Como se pode promover esse princípio?

Arianna U – A curto prazo, nos próximos dois ou três meses, por exemplo, isso poderá ser feito através de filmes e documentários. Atualmente existe já uma série de curtas sobre os métodos utilizados em diferentes regiões, como Macau e China continental, e no futuro poderão ser adicionadas regiões como Médio Oriente e África. Também pretendemos organizar workshops com diferentes associações e universidades. Atualmente, o núcleo central da equipa integra três elementos e vamos recrutar voluntários.

O que aprenderam com o “Projeto de Estágio na Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura”?

C.U. – Trabalhei num dos maiores campos de refugiados sírios na Jordânia, como responsável de negócios estrangeiros. Dentro do campo de refugiados utilizavam tecnologia de reconhecimento ocular e blockchain para oferecer aos residentes uma vida com dignidade e poder de compra independente.

A.U – Participei na primeira sessão do projeto, como coordenadora e no departamento de comunicação em Moçambique. Na altura não sabia uma única palavra de português, mas acabei por aprender. No passado organizei também workshops locais, onde abordava com jornalistas temas como, direitos de liberdade de expressão e de imprensa. Uma grande diferença é a dimensão do mercado. Agora consigo compreender porque é que tantas empresas chinesas, e o próprio Governo chinês, estão a investir tanto em África. Porém tem havido poucos chineses envolvidos em assuntos políticos locais, mesmo quando várias empresas chinesas construíram escolas ou poços de água. Não existe cobertura mediática suficiente sobre esta realidade. Por isso sinto necessidade de o partilhar com o mundo.

Quais os principais sucessos de Macau na área do desenvolvimento sustentável?

A.U – O Governo de Macau há vários anos que fala de desenvolvimento sustentável, mas a população da cidade continua pouco familiarizada com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Ninguém à nossa volta conhece estes objetivos. O Governo local tem feito um bom trabalho no campo da saúde, educação, emprego e integração económica feminina, mantendo-se perto da liderança mundial. Porém, em termos de participação política, Macau está pior do que até alguns países africanos como a Etiópia e Ruanda. Macau é uma região desenvolvida, por isso devia também neste aspeto [participação feminina na política] estar ao nível de um país desenvolvido.

Quais os principais problemas que Macau deve abordar?

A.U – Na verdade, Macau dá grande valor à proteção ambiental, mas muitos cidadãos não entendem que existem variados aspetos dentro do desenvolvimento de uma sociedade. A meu ver, cada categoria é essencial para o respetivo desenvolvimento saudável. Por exemplo, podemos falar mais sobre como converter todos os autocarros em veículos elétricos, como avançar com leis que classifiquem os diferentes tipos de resíduos ou como lançar iniciativas que ofereçam mais posições de poder na função pública às mulheres. Este é o nosso principal objetivo.

C.U. – Não só em termos de proteção ambiental, como de evolução económica também. Devemos desenvolver formas de evitar exploração laboral na indústria de distribuição.

Quais as dificuldades sentidas para a promoção destes assuntos em Macau?

A.U – Estes são assuntos difíceis de promover em Macau. Os grupos de idade semelhantes preocupam-se apenas com os problemas diretamente relacionados com a respetiva vida e a dos amigos. Querem apoiar, mas apenas nos assuntos em que estão envolvidos. Não parecem estar interessados naquilo que promovemos. Mas espero que no futuro mais pessoas comecem a prestar atenção às questões de desenvolvimento sustentável.

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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