Num discurso de três horas frente ao Parlamento, no dia 16 de dezembro, o presidente moçambicano Filipe Nyusi pronunciou-se sobre vários temas, um deles sendo a violência no centro do país, conduzida pela Junta Militar – um grupo de dissidentes do maior partido político de oposição, a RENAMO.
O Presidente da República afirma que a Junnta Militar se recusa a aceitar o diálogo e a renunciar às armas. “Reafirmamos que continuamos abertos para dialogar, visando o estabelecimento da paz, desde que não seja uma chantagem contra o povo que estabeleceu um acordo de paz com a RENAMO”, disse Nyusi, contudo, explicou que não há “outra solução senão desencadear operações rigorosas contra o inimigo, e é o que está a acontecer neste momento”.
Nyusi afirmou que até agora a RENAMO não reinvidicou o grupo como afiliada do partido, mas reiterou o convite à Junta Militar para aderir ao processo em curso de desarmamento, desmilitarização e reintegração dos homens armados, que, segundo afirmou, permitiu já o encerramento de seis bases da RENAMO e o desarmamento de cerca de 1490 homens, representando 29% do universo previsto.
A Junta Militar é um movimento de ex-guerrilheiros dissidentes do principal partido da oposição de Moçambique que contesta o líder eleito no congresso de 2019, Ossufo Momade, e as condições de desmilitarização, desarmamento e reintegração por ele negociadas com o Governo liderado por Nyusi.
O grupo surgiu em junho de 2019 e ameaçou pegar nas armas caso não fosse ouvido nas reivindicações de destituição da liderança da RENAMO e de renegociação do acordo de paz que Momade assinou em agosto do último ano com o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi.