Pelo menos seis bases da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) foram desativadas no âmbito do processo de desmilitarização, desarmamento e reintegração (DDR) previsto no acordo de paz assinado em 2019 em Moçambique, indicou fonte oficial.
“Contam-se já um total de seis bases encerradas em 2020. Aguardando com expectativa o ano de 2021, o trabalho que temos pela frente é imenso”, refere uma nota distribuída à comunicação social pelo enviado pessoal do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para Moçambique, Mirko Manzoni.
O acordo de paz em Moçambique foi assinado em agosto de 2019 pelo chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e pelo presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), prevendo, entre outros aspetos, o desarmamento, desmobilização e reintegração do braço armado do principal partido de oposição.
Segundo a fonte, há mais 3.700 guerrilheiros que aguardam pelo DDR, de um total de cinco mil guerrilheiros inicialmente previstos.
“Agora que nos aproximamos do final do ano, aproveitamos a oportunidade para refletir sobre os últimos meses e expressamos a nossa profunda admiração pelas partes e pelas equipas no terreno, que trabalharam incansavelmente para assegurar que o processo do DDR se mantenha em marcha, apesar das condições desafiantes”, acrescenta Mirko Manzoni.
Apesar de progressos registados no processo, um grupo dissidente da Renamo (autoproclamado como Junta Militar) contesta a liderança do partido e o acordo de paz, sendo acusado de protagonizar ataques visando forças de segurança e civis em aldeias e nalguns troços de estradas da região centro do país.
Os ataques armados atribuídos ao grupo, liderado por Mariano Nhongo, ex-dirigente de guerrilha, têm afetado as províncias de Manica e Sofala e já provocaram a morte de, pelo menos, 30 pessoas desde agosto do ano passado, em estradas e povoações locais.
O grupo exige novas condições de reintegração e a demissão do atual presidente do partido, Ossufo Momade, acusando-o de ter desviado o processo negocial dos ideais do seu antecessor, Afonso Dhlakama, líder histórico que morreu em maio de 2018.
Em outubro, o Presidente moçambicano decretou uma trégua na perseguição das Forças de Defesa e Segurança (FDS) à Junta Militar da Renamo durante sete dias, mas tentativas de aproximação para um diálogo fracassaram, com as duas partes a trocarem acusações.