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Cabo Verde Airlines diz que nível de transmissão reduz interesse turístico e não retoma voos

A administração da Cabo Verde Airlines (CVA) não tem previsão para retomar os voos comerciais, apesar da reabertura das fronteiras do arquipélago, e alegou hoje que os níveis de transmissão de covid-19 no país reduzem o interesse turístico.

“É lamentável que, no mesmo dia em que é anunciada a abertura da fronteira [desde 12 de outubro], Cabo Verde registe o maior número de casos de covid-19 jamais registados no país num dia [11 de outubro, 159 casos]. Isto irá reduzir o incentivo para os turistas escolherem Cabo Verde como destino de férias”, alertou o presidente do conselho de administração da CVA, Erlendur Svavarsson.

A posição consta de uma mensagem divulgada esta tarde pelo administrador da companhia aérea, privatizada há mais de um ano e meio e liderada desde então por investidores islandeses, mas que desde março deste ano não realiza voos comerciais, devido à suspensão dos voos internacionais pelo Governo cabo-verdiano, para conter a pandemia.

“A CVA está a envidar todos os esforços para assegurar que possamos regressar a operações eficientes e fiáveis com uma diferença, assim que o ambiente comercial e a situação pandémica tenham diminuído. A abertura de fronteiras estrangeiras e o aumento dos fluxos de passageiros serão as principais métricas para essa decisão”, acrescenta Erlendur Svavarsson, na mesma mensagem.

Cabo Verde registou hoje 98 novos infetados com covid-19, elevando o acumulado desde 19 de março a 7.254 casos, com 77 mortos.

Desde as 00:00 de segunda-feira, 12 de outubro, que Cabo Verde reabriu o arquipélago a voos internacionais comerciais, algo que não acontecia desde 18 de março, na sequência da decisão tomada pelo Governo para travar a pandemia de covid-19.

A administração da CVA já tinha admitido, antes da pandemia de covid-19, que necessitava de um empréstimo de longo prazo para viabilizar a sua atividade. Entretanto, após suspender toda a atividade em março, são conhecidas negociações desde maio entre o Governo e os investidores islandeses para um apoio financeiro estatal, ainda sem entendimento.

“A CVA considera a súbita abertura das fronteiras de Cabo Verde como um primeiro passo emocionante na longa viagem que se avizinha para revigorar a indústria do turismo e a economia nacional de Cabo Verde. A companhia aérea espera ser parte integrante dessa viagem, com passos cuidadosos e medidos chegaremos ao fim desta tumultuosa expedição, ligando mais uma vez quatro continentes através do ‘hub’ das companhias aéreas na ilha do Sal”, acrescenta o administrador.

Na mesma mensagem divulgada hoje, em que insiste na tónica da “inesperada reabertura das fronteiras”, Svavarsson refere que este é “apenas o primeiro passo da longa viagem para o renascimento das viagens e do turismo e, consequentemente, da economia local em Cabo Verde”.

“Lamentavelmente, podemos também constatar que a maioria dos nossos principais mercados e segmentos e grupos de passageiros tradicionalmente servidos ainda permanecem inacessíveis, uma vez que a maioria desses passageiros se abstém de reservar voos para Cabo Verde devido às elevadas taxas de infeção, tanto a nível mundial como local”, lê-se.

Apesar da abertura da fronteira de Cabo Verde, Erlendur Svavarsson recorda que outras fronteiras “permanecem em grande parte fechadas aos passageiros provenientes de Cabo Verde, independentemente da nacionalidade”.

“Os poucos destinos que atualmente têm fronteiras abertas têm, na sua maioria, requisitos de entrada e quarentena muito rigorosos. Isto significa que se prevê que o número de passageiros permaneça baixo até que estes países abram as suas fronteiras”, afirma ainda.

Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).

O Governo cabo-verdiano concluiu este ano a venda de 10% das ações da CVA a trabalhadores e emigrantes, mas os 39% restantes, que deveriam ser alienados em bolsa, a investidores privados, vão para já ficar no domínio do Estado, decisão anunciada pelo executivo devido aos efeitos da pandemia.

O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, afirmou em 07 de setembro que a negociação para o apoio público à CVA, que em março, quando o arquipélago encerrou a voos internacionais comerciais, contava com cerca de 330 trabalhadores e uma frota de três Boeing, “é complexa”, mas garantiu que a companhia, parada há mais seis meses, “continuará a existir”.

Em entrevista à agência Lusa, Ulisses Correia e Silva assumiu que a situação que a CVA atravessa, com o arquipélago encerrado às ligações aéreas internacionais regulares para travar a pandemia de covid-19, é idêntica à da “maior parte das companhias aéreas do mundo”.

“Isto relativamente à não realização de voos e as consequências económicas e financeiras daí advenientes. As soluções de viabilização das companhias no contexto da pandemia do coronavírus não são fáceis na Alemanha, em França, em Portugal, em qualquer outro país e obviamente também em Cabo Verde”, disse.

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