Emmanuel Nzita entende o valor do petróleo de Cabinda, não só para Angola como para muitas outras potências envolvidas na sua exploração. “Todos podem beneficiar” dessa riqueza, no contexto da economia global, mas não a troco da “escravatura” nem do direito à “autodeterminação”. Em Entrevista ao PLATAFORMA, o líder da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda queixa-se ainda do abandono dos refugiados, por quem “ninguém faz nada”, apontando o dedo a António Guterres e às Nações Unidas .
Mais de metade do petróleo que Angola exporta é extraído em Cabinda, circunstância que Emmanuel Nzita reconhece que terá influência num eventual processo de negociação – para além das questões históricas, políticas ou culturais que sustentam o desejo de autodeterminação. Mas isso não pode impedir uma solução. Porque “Angola é rica”, e em primeiro lugar está “a dignidade do povo de Cabinda”. Até porque os interesses em volta do petróleo podem ser salvaguardados de outras formas, remata Nzita.
O problema dos refugiados arrasta-se, quer em Cabinda quer na República Democrática do Congo, para onde muita gente foge da guerra. Emmanuel Nzita descreve um cenário de completo abandono e acusa as Nações Unidas de terem virado costas aos cabindas.
Depois do cessar-fogo anunciado pela FLEC-FAC, no contexto da crise pandémica, os combates voltaram a 4 de Julho; segundo Emmmanuel Nzita, por responsabilidade das Forças Armadas Angolanas. Nesta entrevista ao PLATAFORMA, faz um apelo a negociações que acabem com o conflito em Cabinda.
Outros temas da entrevista exclusiva ao Plataforma do líder da FLEC-FAC:
“Ponto a negociar a paz, em Portugal, Luanda, Cabinda, no céu ou no inferno”
“Portugal tem a carta maior”, Guterres “não dá resposta”