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Covid-19. Impacto da redução da atividade Industrial

Johnson Chao

O ano de 2020 viu o surto de Covid-19 abrandar toda a atividade industrial mundial, trazendo, em contrapartida, céus pintados de azul. Com a chegada ao mês de maio inicia-se também por esta zona do mundo a época das monções e a questão coloca-se: terá esta redução da atividade industrial influência sobre os fenómenos meteorológicos? Fong Chi Kong, presidente da Associação Meteorológica de Macau, à conversa com o PLATAFORMA, adianta que apesar dessa quebra na atividade industrial ter, objetivamente melhorado a qualidade do ar, ainda é cedo para se saber se trouxe qualquer impacto no aquecimento global.

Em matéria de tufões, a Direção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (DSMG) prevê que entrem o espaço de 800 quilómetros circundantes de Macau quatro a seis tufões durante este ano. Fong acredita que 2020 não irá assistir a qualquer alteração, para cima ou para baixo, redução no número previsto para estes fenómenos meteorológicos e que se estará perante valores anuais normais.

“A previsão de tufões depende maioritariamente da temperatura do mar. Se um tufão nascer nas águas quentes do Pacifico Ocidental, perto das Filipinas, irá ter um grande impacto sobre Macau”, lembra.

Acrescenta ainda que os tufões, designadamente devido à rota arbitrária, são extremamente difíceis de prever. Sobre a redução de atividade industrial devido à pandemia e a consequente baixa na emissão de dióxido de carbono para a atmosfera, o especialista avança que estas não têm qualquer relação com a formação de tufões.

E acrescenta: “Em junho os tufões são comuns, em maio ainda é cedo e em julho será tarde”.

De acordo com o Observatório de Hong Kong, a temperatura média em abril foi de 22 graus, 0,6 graus abaixo do normal. Fong comenta, no entanto, que esta temperatura não tem qualquer relação com a formação de tufões, salientando que o valor que importa é a do oceano e as respetivas correntes.

MELHORIA NA QUALIDADE DO AR

Já sobre o aquecimento global, Fong acredita que a suspensão das atividades industriais durante alguns meses terá um impacto reduzido no aquecimento da terra, e por isso ainda não podem ser tiradas conclusões.

“Emissões de gases de efeito estufa foram reduzidas ao longo dos últimos meses, porém o mais provável é que a atividade industrial seja retomada na segunda metade do ano, não sendo possível afirmar nada mais além do facto real de uma melhoria da qualidade do ar”, diz.

Ao longo do surto de Covid-19, a poluição do ar nas principais áreas metropolitanas do nordeste dos EUA diminuiu significativamente. Segundo a NASA, os níveis médios de dióxido de nitrogénio em março atingiram o recorde mais baixo desde 2005. Os níveis de dióxido de nitrogénio em Orlando e Miami também desceram entre 30 e 35 por cento e em Jacksonville chegaram a diminuir 40 por cento.

Na China houve igualmente uma melhoria na qualidade do ar. A NASA revelou que os níveis de dióxido de nitrogénio desceram drasticamente. Primeiramente, foi registada uma descida na zona à volta da cidade de Wuhan, em Hubei, onde o surto teve início, alargando-se depois às restantes regiões do país. O dióxido de nitrogénio é um dos principais gases poluentes emitido por veículos e fábricas.

MENOS VOOS AFETA PREVISÕES
Com a atual pandemia, vários países aplicaram medidas de isolamento que afetaram o mercado turístico e de viagens de negócios, levando a que as companhias aéreas tenham também reduzido o número de voos, situação que afeta a recolha de dados. Menos aviões no ar, menos dados disponíveis A Organização Meteorológica Mundial está preocupada com o impacto da pandemia sobre as previsões meteorológicas e sobre a quantidade de dados de monitorização disponíveis. A Organização salienta que a redução dramática no tráfego aéreo teve um impacto direto na recolha de dados sobre a temperatura do ar e velocidade e direção do vento, fontes importantes de informação para previsões meteorológicas. A quantidade de dados recolhidos pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo (ECMWF) através de voos no dia 23 de março foi 65 por cento inferior à quantidade de dados recolhidos no dia 03 do mesmo mês, e por isso o centro prevê que o número de dados continue a descer no futuro.

Já a Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA diz esperar que “a quantidade de dados recolhidos no país continue a descer ao longo das próximas semanas, possivelmente afetando o sistema de previsão meteorológica”.

O Gabinete de Meteorologia Australiano afirma que desde que companhia aérea Qantas suspendeu todos os voos internacionais no final do mês de março e reduziu os voos nacionais em 60 por cento, a colheita de dados e previsão meteorológica do país foi afetada. Embora possam ainda ser recolhidos dados através de voos de mercadorias, a precisão desses mesmos dados não é garantida.

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