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“Pretendemos constituir a nossa própria ordem”

Angola precisa de mais tempo e de mais confiança, defende o embaixador itinerante angolano António Luvualu de Carvalho 

“Angola é independente vai fazer 40 anos, mas tem apenas 13 anos de paz. Não são 60 ou 100 anos de paz. A Europa demorou 60 anos a sair do plano Marshall para ter este ‘boom’ que tem”, respondeu Luvualu de Carvalho. O embaixador itinerante respondia à questão sobre se Angola precisa de mais tempo para diversificar a economia, desenvolvendo alternativas de exportação ao tradicional petróleo, que representa 98% do total. Em Portugal, para a sua primeira visita de trabalho desde que foi nomeado embaixador itinerante, Luvualu de Carvalho interpreta a sua nomeação como um “complemento” da rede diplomática angolana e que visa “dar uma grande dinâmica à imagem de Angola a nível internacional”.

“Nós sabemos que existem ordens que pretendem ser constituídas, mas vamos resistir a elas, porque também pretendemos constituir a nossa própria ordem”, garantiu.

A vontade de apresentar uma nova imagem do país colide com a frieza dos números revelados por instituições nacionais e internacionais.

Aos estudos e relatórios que revelam uma Angola sujeita a riscos de instabilidade social e demonstram a falta de execução de projetos que garantissem a procura de novos produtos de exportação, Luvualu de Carvalho desvaloriza-os.

“São aves de mau agoiro, porque não acho que esses ingredientes sejam sal e pimenta prontos a explodir”, disse.

Trata-se de previsões, considera, acrescentando: “Ninguém proíbe as agências, nem as pessoas e os países de as fazerem, mas têm que fazê-las com algum realismo”.

“Nós sabemos como é que os estudos são feitos (…) Se nós também, enquanto governo, tivermos a oportunidade de mostrarmos o nosso Plano Nacional de Desenvolvimento, difundirmos este PND e mostrarmos as capacidades reais que o país possui, poderemos ver que nem sempre os estudos coincidem com a verdade”, adiantou.

“Muitos dos estudos que são feitos e apresentados aqui no ocidente, não são feitos em confrontação com os dados oficiais das autoridades da República de Angola”, considerou.

Otimista com o que classifica como “potencialidades brutais” do país, Luvualu de Carvalho recorda que a nova imagem de Angola começou a ser construída em 2002, com a assinatura dos acordos de paz que puserem termo a uma longa guerra civil.

“Ou seja, a partir do momento em que foram assinados os memorandos do Luena e que se assinaram os acordos finais de paz, Angola passou a mostrar ao mundo uma cara diferente do país que passou por 20 e muitos anos de guerra civil, depois de uma longa guerra de libertação nacional e aqui também é que está, eventualmente, a questão: é que as pessoas querem fazer comparações de Angola, que é um país jovem, que faz daqui a poucos dias 40 anos, mas é um país que tem apenas 13 anos de democracia”, disse.

“Não podemos consolidar todos os fundamentos macroeconómicos, macrossociais, culturais, desportivos e afetivos do país que tem 13 anos. É um processo em construção, é um processo que leva o seu tempo”, concluiu.

13 DE NOVEMBRO 2015

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