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A PAZ VOLTOU A MOÇAMBIQUE

 

Governo de Maputo e Renamo assinaram no domingo um cessar-fogo. As partes mostram-se satisfeitas e a população suspira de alivio

 

O Governo moçambicano e a Renamo assinaram no domingo à noite em Maputo um cessar-fogo e a base de entendimento para o fim das hostilidades no país, culminando , mais de um ano de negociações.

A Renamo e o governo moçambicano já tinham assinado, a 11 de agosto, o consenso em relação ao desarmamento do partido de oposição, mas subsistiam dúvidas sobre a validade dos documentos sem as assinaturas do Presidente da República e do líder da oposição. No último ano e meio, os confrontos entre exército e o braço armado da oposição provocaram um número indeterminado de mortos e feridos na região da Gorongosa, província de Sofala, bem como nas emboscadas da Renamo a colunas de veículos escoltadas pelos militares num troço de cem quilómetros da única estrada que liga o sul e o centro do país.

Reagindo ao cessar-fogo, o líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), principal partido de oposição, garantiu hoje que o vai respeitar e confirmou que em breve se encontrará com o Presidente da República.

“Ontem à noite (domingo) e às 06.00 horas de hoje fizemos a comunicação a todas as forças militares para cessarem fogo. Todos ouviram bem. Receberam bem as ordens e de facto comprometeram-se”, disse Afonso Dhlakama aos jornalistas em Maputo, falando por teleconferência a partir da serra da Gorongosa, província de Sofala, onde se encontra escondido desde outubro do ano passado.

“Quero também apelar ao Presidente da República e igualmente comandante em chefe das forças armadas a comunicar a todas as forças espalhadas pelo país e seguirem o mesmo exemplo, de modo a evitar-se qualquer incidente”, disse ainda o presidente do partido de oposição.

Na conversa com os jornalistas, não avançou detalhes sobre a sua saída da região da Gorongosa, mas confirmou que se vai encontrar com o Presidente da República, Armando Guebuza, um encontro que o presidente da Renamo sempre recusou e que levou a que o cessar-fogo e os documentos do consenso no diálogo com o Governo tenham sido assinados pelos chefes das delegações das duas partes.

“Não sei se será em Maputo ou na Beira, mas também estou interessado [no encontro]. Há boa vontade do meu lado, de facto há muita coisa para conversar. Do lado do Presidente da República também há essa vontade”, afirmou Dhlakama.

O líder da oposição deixou ainda um apelo ao parlamento moçambicano para que aprove todos os documentos saídos das negociações com vista a que estes ganhem valor jurídico,

“Este não é apenas o assunto de Dhlakama e Guebuza, mas sim de todos os moçambicanos”, declarou.

No entanto, o porta-voz da bancada da Frelimo (partido no poder) no parlamento, Edmundo Galiza Matos Júnior, disse que o documento final de cessação das hostilidades não tem relação com a Assembleia da República, considerando que se trata de “manobra dilatória” da Renamo.

A Assembleia tinha previsto para segunda-feira a cerimónia de encerramento da IX sessão ordinária, mas a presidente do parlamento anunciou que vai convocar uma sessão extraordinária para analisar o acordo do fim das hostilidades e outras matérias de intere.

 

FRELIMO SAÚDA ACORDO

A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) congratulou-se com a assinatura do acordo que determina o fim das e o seu porta-voz, Damião José, saudou a delegação do Governo pela postura que assumiu e a Renamo por ter percebido que a única solução para resolver as diferenças é pelo diálogo e não pela via armada.

O grande vencedor neste processo, segundo o porta-voz do partido no poder, é o povo, que sempre repudiou o recurso as armas como meio para resolver as diferenças. Damião José disse que ficou provado que os moçambicanos são donos do seu destino e que não precisam de mediadores internacionais para resolver os seus problemas.

“O ato reforça a autoestima, a consolidação da paz e do Estado de Direito. A Frelimo espera que a Renamo cumpra efetivamente com os compromissos que assumiu para que os moçambicanos possam continuar a construir Moçambique e a moçambicanidade em paz”, declarou Damião José.

O acordo, na ótica da Frelimo, deve servir efetivamente para o restabelecimento da livre circulação de pessoas e bens para que os moçambicanos possam continuar firmes nas frentes da luta contra a pobreza sem nenhum tipo de perturbação.

 

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