Embora o número de estrangeiros a viver na China tenha aumentado nos últimos anos, o país precisa de continuar a atrair mais expatriados para fazer face à saída das elites chinesas do país.
A China está a tornar-se num destino atrativo de migração, com o número de imigrantes que ali vivem a aumentar em cerca de 35% na primeira década do século XXI, de acordo com o Relatório de Migração de 2013, divulgado na última semana pelo Centro para a China e Globalização, um grupo de estudo independente baseado em Pequim.
Contudo, este número, “comparado com o acelerado desenvolvimento, não é suficiente”, advertiu o diretor-geral da organização, Wang Huiyao, em declarações ao jornal Mirror, da capital chinesa. “Como muitas das elites chinesas vão para fora, estamos desesperadamente à procura de novos talentos”, acrescentou.
O relatório revelou igualmente um novo padrão que é o da transferência de pessoas de países com maiores rendimentos para países com menores rendimentos, embora esses números ainda representem apenas entre 3 e 6 por cento da emigração global.
De acordo com o relatório, no final de 2010, viviam na China 685.775 imigrantes, 35 por cento acima do universo registado em 2000.
“Não há dúvida de que a China se tornou num destino muito apelativo”, disse Wang.
UM ÍMAN PARA OS EMIGRANTES
Devido ao rápido desenvolvimento e às mudanças demográficas, a China é um sonho para os emigrantes.
A escassez de mão-de-obra resulta em melhores salários e na maior procura de trabalhadores estrangeiros.
Por outro lado, a China tornou-se na sede de numerosas empresas e instituições estrangeiras e a expansão das companhias multinacionais induziu os chineses ultramarinos a regressarem ao país.
Dados estatísticos de 2011 mostram que o número de regressos de estudantes no estrangeiro excedeu o daqueles que estudavam fora pela primeira vez – em mais de 50%.
Tendo vivido em Suzhou, província de Jiangsu Province, durante mais de quatro anos, e casado com uma chinesa com a qual teve dois filhos, o professor Jean-Francois Vergnaud fez da cidade a sua segunda casa. “Adoro o país e a cidade. É agora a minha casa”, disse.
No entanto, uma coisa preocupa o francês. Ele está ansioso por obter o cartão verde – que garante residência permanente na China a estrangeiros.
Para já, ele só pode esperar. Entretanto, Vergnaud tem que todos os anos estender o seu visto de trabalho, o que é uma inconveniência.
Como gracejam os expatriados, o cartão verde da China é o mais difícil de obter do mundo. Segundo a Gestão da Residência Permanente para Estrangeiros na China, lançada em 2004, uma das condições para se obter o cartão verde é a do estrangeiro ter-se casado com uma chinesa há, pelo menos, cinco anos e permanecer na China pelo menos nove meses por ano, com um rendimento estável e um local para viver.
O canadiano David Mok vive em Xangai há cerca de seis anos. Comprou um apartamento e casou-se com uma chinesa, mas continua à espera do cartão verde. Parece que o país não nos dá as boas-vindas”, disse ele com um sorriso amargo.
O sistema de cartão verde foi implementado em 2004 mas apenas 4.700 cartões foram emitidos até 2011, numa média de apenas 248 por ano. Em contraste, mais de 600 mil estrangeiros mudaram-se para a China naquele período.
Estudantes africanos vão ter mais bolsas
O governo chinês vai continuar a atribuir bolsas de estudo a estudantes africanos, disse na última semana uma fonte governamental em Perquim. Numa entrevista com correspondentes africanos baseados na capital chinesa, Cen Jianjun, diretor geral do Departamento de Cooperação do Ministério da Educação, disse que a cooperação mútua tem sido caracterizada pelo contínuo aumento do programa de troca de estudantes.
No final de 2013, mais de 35 mil estudantes africanos estavam na China e a maioria deles era beneficiária de bolsas de estudo.
No período que se seguiu à política de abertura e de reformas económicas iniciada em 1979, assistiu-se a um aumento no número de estudantes africanos que se deslocaram para a China e, em 2000, mais de 2700 frequentavam universidades chinesas. E o total de bolsas de estudo atribuídas passou de 10 mil em 2007 para 33 mil em 2013, das quais os beneficiários africanos representam 22 por cento.
“O número vai continuar a aumentar porque estes estudantes vão regressar aos seus países e vão contribuir significativamente para o desenvolvimento económico e político das suas nações”, disse Cen Jianjun. Ele acrescentou que após a sua graduação, os estudantes africanos trabalham para o governo, abrem os seus próprios negócios ou trabalham em parceria com empresas chinesas em África, o que, disse, representa um grande incentivo ao desenvolvimento das relações da China com África.
No passado, a maioria dos estudantes africanos dedicava-se a aprender e a formar-se em língua chinesa, mas, hoje, os campos de ensino diversificaram-se e cerca de 30 por cento aprende matérias de ciência, como informática e engenharia civil.
Nobert Haguma, o responsável da Kiziga, uma organização não-governamental ruandesa que apoia jovens a obterem bolsas de estudo para universidades na China, disse que o número de alunos que têm bolsas privadas está a crescer cerca de 25 por cento ao ano. “Os pais ruandeses querem que os seus filhos estudem na China porque as suas excelentes universidades são em conta”, disse Haguma.
Cen Jianjun recordou que existem outros caminhos pelos quais os estudantes africanos podem financiar a sua formação na China, incluindo o das candidaturas diretas a fundos atribuídos por universidades chinesas ou pelos governos provinciais. “Encorajamos os estudantes a entrarem em contacto direto com as nossas universidades para que possam beneficiar de bolsas governamentais”, disse Jianjun. “Temos também bolsas de estudo financiadas pelos governos locais e pelas próprias universidades, mas há ainda poucos estudantes a candidatarem-se, pelo que estes benefícios vão, na sua maioria, para os os países nossos vizinhos”, concluiu.
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