
Numa masterclass antes da cerimónia de encerramento do International Film Camp 2025, o premiado realizador de Hong Kong Stanley Kwan partilhou reflexões sobre a sua jornada criativa. Sands China

Jane Zhang
Jane acompanhava o programa desde a primeira edição. “Uma das palestrantes na altura, a Amanda, da Malásia, é minha amiga. Falou-me disto e encorajou-me a participar. Infelizmente, nesse ano perdi o prazo de candidatura. Este ano, estive atenta ao site do IFC, à espera do anúncio da abertura das candidaturas.”
Em Macau, Jane encontrou uma semana intensa, mas enriquecedora. “A minha história é sobre uma mulher com pouco mais de 30 anos que, ao mudar de casa, encontra a sua versão mais jovem. É uma história sobre aceitação e amor próprio. O argumento não se baseia muito no desenvolvimento da ação, mas sim na fluidez e na exploração interior. Ao longo do acampamento, recebi muitos conselhos valiosos dos mentores sobre como expressar emoções tão íntimas e pessoais. Nos últimos cinco dias revi a história, e a versão atual é já um pouco diferente da que submeti inicialmente”, explica Jane.
“Uma aula inesquecível foi a do realizador filipino Brillante Mendoza. O estilo e a abordagem criativa dele foram refrescantes e distintos. Durante a aula aprendi que, quando trabalha com atores, não lhes permite ler o guião. Para mim foi algo muito inovador. Como sempre me atraíram abordagens alternativas de cinema, esta sessão foi especialmente recompensadora e reveladora”, recorda Jane.
Por outro lado, enquanto residente local, Jane destaca o impacto desta iniciativa na cidade. “É muito importante, pois permite que os cineastas de Macau partilhem as nossas histórias e a nossa cultura.” Depois de vencer, as suas esperanças são claras. “É bastante simples — basta continuar a criar de forma consistente.
Para mim, o cinema é uma forma de me explorar continuamente. Vou persistir em criar e em manter-me fiel a mim própria”, disse Jane.

Tynystan Temirzhan
Para Tynystan, a ligação começou também no ano passado. “Encontrámo-nos no Quirguistão com o Roger Garcia. Veio como convidado especial a um acampamento de cinema e falou-nos do seu acampamento. Naquele momento já queria vir. E, neste verão, quando abriram as candidaturas, fiquei muito entusiasmado, porque a minha história encaixa-se mesmo no tema desta edição, ‘O Meu Melhor Amigo’. Candidatei-me e fiquei surpreendido por ser selecionado [para o acampamento] e mil vezes mais por ser um dos vencedores.”
Para Tynystan, a experiência foi igualmente transformadora. “O meu projeto é uma história de transição para a idade adulta. É sobre um adolescente que vive com vergonha e culpa depois de um sonho sexual com a mãe do seu melhor amigo. Este acampamento foi muito útil para o meu projeto. Depois das sessões com os meus mentores, a história ficou cada vez mais clara (…) Deram-me conselhos excelentes e tenho a certeza de que os vou usar não só neste projeto, mas também na minha vida.”
Depois de vencer, Tynystan olhou em frente com determinação, salientando os dias difíceis e intensos do campo, que tornavam complicado conseguir uma boa noite de descanso. Disse que se sentiu nervoso e em pânico durante os dois últimos dias, quando os participantes se preparavam para apresentar os seus projetos. “Agora abracei este projeto e estou a desenvolver a minha primeira longa-metragem. Já tenho o primeiro rascunho e planeio continuá-lo depois de terminar as filmagens deste projeto.”