Considero positiva a forma como decorreu a conferência de imprensa. Além do CE, de forma sucinta, ter apresentado a futura política de governação, permitiu aos elementos da sua equipa expressarem os seus pontos de vista e opiniões. Não vi nada de negativo.
Foi uma boa escolha três elementos da sua equipa serem do sexo feminino; demonstra que o CE optou pela meritocracia; não pela amizade – ou outros valores.
No futuro próximo poderemos avaliar se o novo Governo é mais eficiente e se serve os interesses da população; particularmente os mais idosos, que precisam de apoio mais célere e eficaz.
Jorge Fão, presidente da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau
De positivo saliento a grande experiência na Administração Pública dos secretários, pelo menos em algumas das áreas sob a sua tutela. Os que foram promovidos a secretários exercem cargos de direção – ou equivalentes – desde o início deste século. A maior parte sabe português, o que também ajuda.
Não ouvi nada particularmente negativo; todavia, estranhei a ausência de referências à vertente externa; onde incluo, por exemplo, o Fórum Macau.
José Luís Sales Marques, economista
Escolha equilibrada, em face das posições que cada um tem tomado; e têm perfil moderado – é o que se quer. Com o CE, quatro falam português – nada mal – sinal firme e positivo na aproximação aos Países de Língua Portuguesa.
Termos pessoas que já conhecemos é muito bom. Faltam 25 anos para uma integração total na China e é natural que se receie um processo muito acelerado. Face a isto, o elenco parece-me ajustado. Dois secretários ficam, sabemos o estilo do exercício das suas funções; na Cultura, [O Lam] foi chefe de gabinete [Chui Sai On]. Não tenho razões de queixa nem grande preocupação.
É esperar para ver; não vou agora dizer o que pode ser mau. Claro que estamos num ritmo acelerado de integração; pouco a pouco, Macau é absorvido pela Grande Baía. Não é uma integração política, mas de facto, através da economia. Aí, talvez possa preocupar a capacidade de Macau reter o que é mais característico; a sua identidade. É um grande desafio; somos uma partícula minúscula face ao que é gigante à nossa volta. Se é uma integração acelerada gostaria de saber em que termos se vai processar.
Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação para a Promoção da Instrução dos Macaenses
Os altos cargos escolhidos por Sam Hou Fai percebem os problemas da sociedade; destacam a vontade de ouvir a população e de encontrar soluções para os problemas. A equipa vai focar-se no trânsito; nas PME; na diversificação económica, e em Hengqin; o que, a meu ver, é positivo.
Por ser um profissional da área judicial, Sam Hou Fai pode dar destaque à revisão das leis e à Administração. Por um lado, isso é positivo; por outro, pode reduzir a sua flexibilidade. Algumas leis, na prática, causaram problemas inesperados; como o problema das salas VIP e casinos satélites. Foi criado um mecanismo de incentivo aos jogadores estrangeiros, mas falta flexibilidade. O setor espera que o novo Governo altere isso, aumentando a competitividade de Macau no mercado internacional.
Billy Song, diretor da Associação de Jogos com Responsabilidade de Macau
Alguns titulares de altos cargos foram promovidos, mas não demonstraram elevada capacidade nas posições anteriores; no que foi dito na conferência de imprensa não vejo nenhuma opinião extraordinária. Percebem as expectativas de Pequim; destacam a segurança nacional, a integração nacional, e a Grande Baía. Mas isso não contribui para superar o atual dilema.
É preciso novas fontes de crescimento; caso contrário, continuaremos num mercado pequeno e fechado. Não quero apontar o dedo a um Governo novo, que enfrenta uma situação problemática; mas o que disseram sobre segurança nacional não será chave para resolver o problema.
Sempre critiquei o foco nas indústrias de 1+4; isso não é capitalismo – é economia planificada no modelo socialista. É preciso atrair investimento e gerar novas receitas; não é transferi-los para Hengqin.
O Governo deve melhorar a eficiência e eliminar a burocracia, problema que vem de longe.
Au Kam San, ex-deputado
A renovação e a entrada de novas caras na composição do Governo é sempre de saudar; trarão uma nova visão da governação e novas ideias. O novo secretário para a Economia e Finanças era o diretor de um dos serviços que mais mudanças implementou e melhor se adaptou ao desenvolvimento tecnológico, com grande abertura a sugestões dos utilizadores. Pode ser que finalmente a diversificação deixe de ser um slogan e passem à prática ações e políticas que efetivamente a potenciem.
Os titulares dos altos cargos estão em Macau há vários anos, com longa experiência política e trabalho na Administração, mas tenho pena de não ver nenhum macaense. O trânsito é complicado; a qualidade dos Serviços de Saúde pode melhorar; a transformação energética não foi referida na conferência de imprensa, nem o ambiente e a sustentabilidade; os serviços públicos trabalham cada vez mais numa lógica burocrática e sem comunicação entre eles. Se o empenho no patriotismo e na segurança nacional fosse transposto para estes sectores, a qualidade de vida melhoraria substancialmente.
Filipe Figueiredo, advogado
É saudável esta mistura: os antigos trazem experiência, os novos, novas tendências e ideias. Estou muito otimista.
Fiquei muito feliz por ver o primeiro alto funcionário nascido na década de 1980; a Comissária Contra a Corrupção, Ao Ieong Seong. Não a conheço bem, mas espero que faça bom trabalho.
A nova equipa tem muita experiência, mas juntá-los e comunicar um conteúdo estruturado demora um pouco. Desta vez não houve muito conteúdo; seria justo esperar pelo próximo ano, quando anunciarem em detalhe as políticas.
José Chan Rodrigues, Conselho para o Desenvolvimento Económico
Muitas pessoas, incluindo deputados, elogiam a lista composta por funcionários públicos. Não sendo empresários, a população sente que se orientam pelo interesse público, justiça e equidade. As probabilidades de corrupção serão menores, mas devemos ser vigilantes para evitar a burocracia; é importante uma governação mais recetiva às exigências do mercado.
Alguns secretários são muito adequados; como O Lam, que tem competências sociais, capacidade de comunicação e coordenação com a comunidade; ou Tai Kin Yp, proactivo e empreendedor.
O Governo deve reforçar a comunicação com a Assembleia Legislativa. Afinal, os legisladores são representantes do povo e seria bom a governação incorporar a opinião pública através dos legisladores.
Lo Choi In, deputada
O sinal mais positivo é a vontade de aproveitar as vantagens do grande ponto de encontro entre as culturas chinesa e ocidental. A cultura foi sempre um importante cartão de visita; mas esse conteúdo, vital para Macau, não tem sido bem desenvolvido.
O Lam realçou a aposta numa Cidade Cultural da Ásia Oriental. Construir uma base de intercâmbio, cooperação e coexistência multicultural, com predomínio da cultura chinesa, é uma estratégia particularmente importante. Mensagem muito positiva.
Yin Yifen, coordenador do Centro de Estudos Políticos, Económicos e Sociais da UPM