O primeiro debate televisivo entre candidatos à Presidência da Argentina, neste domingo (2), já completava quase uma hora em tons mornos quando o ultraliberal Javier Milei pegou o microfone e disse que o número de desaparecidos na ditadura militar do país foi menor do que o estimado por organizações de direitos humanos.
“Não foram 30 mil desaparecidos, foram 8.753”, disse o candidato que lidera a maioria das pesquisas, subindo o timbre pela primeira vez. O número oficial, que até hoje é compilado pelo Registro Unificado de Vítimas do Terrorismo de Estado, é de 8.631 mortos e desaparecidos no período de 1976 a 1983, mas o próprio relatório reconhece que a cifra é subestimada.
Com os cabelos mais penteados que o habitual, Milei também afirmou que há “uma visão torta da história”, chamou grupos guerrilheiros de terroristas, declarou que “durante os anos 1970 houve uma guerra e nessa guerra as forças do Estado cometeram excessos” e criticou “aqueles que usaram a ideologia [dos direitos humanos] para ganhar dinheiro e realizar negócios obscuros”.
Por outro lado, seu principal rival, o candidato governista Sergio Massa, já começou seu discurso tentando se desvencilhar do impopular presidente Alberto Fernández. “Eu tenho claro que a inflação é um problema enorme na Argentina. Também tenho claro que os erros deste governo causaram danos às pessoas. E por isso, embora eu não fosse parte até assumir como ministro da Economia [em agosto de 2022], peço desculpas.”
Os dois têm polarizado a reta final das eleições argentinas, que ocorrem no próximo dia 22, por isso foram alvos de grande parte dos ataques no debate ocorrido na cidade de Santiago del Estero, no norte do país. Patricia Bullrich, candidata da oposição macrista e terceira na maioria das pesquisas, tentou mirar os dois, mas enfatizando o antikirchnerismo.
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