O Brasil não enviará munições à Ucrânia para ajudar em sua guerra contra a invasão russa, afirmou nesta segunda-feira (30) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que propôs em vez disso criar um grupo de paz para acabar com o conflito, ao receber o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz.
“O Brasil não tem interesse em passar munições para que sejam utilizadas entre Ucrânia e Rússia”, declarou o presidente da República em coletiva de imprensa conjunta no Palácio do Planalto, em Brasília.
Lula se disse preocupado com o conflito europeu que já dura quase um ano, mas ressaltou que o país não quer nenhuma participação, em um momento em que várias nações ocidentais decidiram enviar modernos tanques em apoio a Kiev. “O Brasil é um país de paz”, afirmou.
“A minha sugestão é que se crie um grupo de países que tentem sentar-se à mesa com a Ucrânia e a Rússia para encontrar uma solução de paz. E o Brasil vai esforçar-se. Já falei com o [presidente francês, Emannuel] Macron, com o [chanceler da Alemanha, Olaf] Scholz, vou falar com o presidente [Joe] Biden. Depois, vamos procurar outros presidentes para conversar sobre a ideia de criar esse grupo. Se for em março à China, esse é um dos assuntos que quero conversar com o presidente Xi Jinping. Está na hora da China pôr a mão na massa e tentar ajudar a encontrar a paz entre a Rússia e Ucrânia”, disse.
O presidente indicou que, além de Scholz, conversou com seu par francês, Emmanuel Macron, sobre essa proposta, que chamou de “clube das pessoas que vão querer construir a paz no planeta”.
Também discutirá o tema com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o líder da China, Xi Jinping, com quem tem visitas oficiais previstas para fevereiro e março, respectivamente.
Por sua vez, Scholz destacou que o conflito “não é só uma questão europeia”, pois é uma “violação flagrante dos direitos internacionais e da ordem internacional”.
Lula causou comoção no ano passado ao afirmar que o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, era “tão responsável quanto [o presidente russo Vladimir] Putin” nesta guerra.
Agora, acredita que a Rússia “cometeu o erro clássico de invadir um território de outro país”, mas mantém a posição de que “quando um não quer, dois não brigam”.
Também disse que as causas do conflito precisam ficar mais claras e comparou a situação com a invasão americana do Iraque em 2003 “por culpa de uma mentira” sobre as supostas armas de destruição em massa em poder de Saddam Hussein.
*Com AFP
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